30.10.2014 Views

O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

79<br />

1.5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Nas páginas anteriores, apresentei elementos históricos, <strong>de</strong>scritivos e analíticos sobre o<br />

fenômeno migratório açoriano enquanto formação diaspórica global. Vimos que após três<br />

séculos <strong>de</strong> migrações, <strong>de</strong>terminados temas como a açorianida<strong>de</strong> e a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> diaspórica, a<br />

formação <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s transnacionais e as comunicações virtuais, a política cultural, formas <strong>de</strong><br />

organização comunitária e as diferenças entre as comunida<strong>de</strong>s inseridas em contextos<br />

nacionais específicos, aparecem como campos privilegiados <strong>de</strong> pesquisa. Vimos também o<br />

processo pelo qual a açorianida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser um discurso tipicamente regional para tornarse<br />

um emblema i<strong>de</strong>ntitário transnacional. Este processo resultou <strong>de</strong> mudanças <strong>de</strong><br />

posicionamento estratégico nos Açores na medida que os principais partidos políticos e meios<br />

<strong>de</strong> comunicação, sobretudo após a instalação do regime autonômico, abandonaram a idéia <strong>de</strong><br />

uma açorianida<strong>de</strong> como retórica <strong>de</strong> confronto com o espaço nacional e convergiram para a<br />

construção <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> açoriana transnacional, em que os Açores figuravam, <strong>de</strong> um<br />

lado, como “digno representante da Europa no Atlântico” e <strong>de</strong> outro, as comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

emigrantes e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes “emergiam como os mais legítimos representantes da perenida<strong>de</strong> e<br />

da profundida<strong>de</strong> dos valores tradicionais açorianos”.<br />

Por último, vimos como os emigrantes, <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes e regressantes constroem suas<br />

práticas e representações da açorianida<strong>de</strong> em contextos tipicamente diaspóricos. Tais práticas<br />

e representações evocam e até monumentalizam a “homeland” açoriana como nas Gran<strong>de</strong>s<br />

Festas do Espírito Santo em Fall River (Massachusetts); sinalizam também vozes<br />

eqüidistantes entre as gerações, ambigüida<strong>de</strong>s e tensões entre os ativistas, como nos encontros<br />

no Atlântico. Estes encontros mostraram como as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>scentradas pela diáspora<br />

<strong>de</strong>vem ser lidas a partir das óticas diferenciadas <strong>de</strong> emigrantes, <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes (geracionais e<br />

históricos) e regressantes. Salientamos que o <strong>de</strong>scentramento das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s não implica que<br />

tais i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s minimizem a sua relação com a origem, ao contrário do que apontam certas

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!