30.10.2014 Views

O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

229<br />

po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> contenção das fronteiras (nacionais, étnicas, raciais, locais) como marcos <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, facilitando o acesso a recursos e a geração <strong>de</strong> novos interesses. Penso que esta<br />

consciência da dispersão constitui uma chave para a compreensão das culturas diaspóricas e<br />

<strong>de</strong>ve ser aprofundada nas pesquisas antropológicas sobre os fenômenos individuais e coletivos<br />

no mundo globalizado.<br />

*<br />

Com o objetivo <strong>de</strong> fornecer um contra-cenário local para o contexto global da<br />

açorianida<strong>de</strong>, virei o foco para o sul do Brasil, tratando da açorianida<strong>de</strong> no contexto localista<br />

da pesquisa. Digo localista do ponto <strong>de</strong> vista do primeiro contexto (global), porque tendo em<br />

vista a abrangência regional do fenômeno no Estado <strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>, analisei as razões<br />

globais da emergência da “cultura açoriana” neste Estado . A idéia <strong>de</strong> sugerir um contraponto<br />

entre cenários globais e locais do objeto <strong>de</strong> pesquisa (a açorianida<strong>de</strong>) vem da percepção<br />

geral que se vive um tempo on<strong>de</strong> a globalização e a fragmentação combinam-se <strong>de</strong> maneiras<br />

inusitadas. É preciso então combinar as leituras microscópicas inerentes ao oficio da tradução<br />

cultural -leituras estas que relevam as representações dos atores sociais objetos <strong>de</strong> seu<br />

enfoque- com aquelas centralizadas na abordagem das forças macro que atuam sobre o objeto<br />

<strong>de</strong> conhecimento. Evi<strong>de</strong>ntemente nem toda antropologia teve como base, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os clássicos<br />

até hoje, as representações dos atores sociais. De Morgan a Tylor, passando por Frazer e<br />

outros fundadores, a representação dos atores objetos <strong>de</strong> etnografias nunca constituiu o centro<br />

da disciplina. O funcionalismo (conforme o caso clássico <strong>de</strong> Malinowski) evi<strong>de</strong>ncia-se como<br />

uma reação a isto. Mas, adiante, com o estruturalismo, por exemplo, a referida representação<br />

também saiu do centro. Presentemente, a antropologia <strong>de</strong> um Eric Wolf, por exemplo, não<br />

tem no estudo das referidas representações sua referência básica. Com Geertz, Sahlins e<br />

outros ela retorna para o centro da disciplina, incluindo a crítica da representação autoral do

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!