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O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

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emergem “socieda<strong>de</strong>s e culturas translocais”. De outra forma, mas na mesma direção é o que<br />

diz Ribeiro (2000: 112), a propósito do “beco sem saída” que po<strong>de</strong>m entrar os críticos das<br />

noções essencialistas <strong>de</strong> cultura e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>: “uma implicação da critica reificada do<br />

essencialismo é, sob uma retórica aparentemente progressista, a transformação <strong>de</strong> atores reais<br />

em fantoches <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ologias ou em profetas <strong>de</strong> fundamentalismos.” Concordo com Ribeiro<br />

(i<strong>de</strong>m) quando sugere que <strong>de</strong>vemos interpretar os processos contraditórios <strong>de</strong> formação<br />

i<strong>de</strong>ntitária, sem no entanto, superestimar as “misturas”, nem subestimar as imagens<br />

essencializadas e culturalizadas <strong>de</strong> que se valem os movimentos culturais em suas <strong>de</strong>mandas<br />

por reconhecimento, diferença e dignida<strong>de</strong>.<br />

(b) - A noção <strong>de</strong> “etnogenese”. O termo “etnogenese” foi apresentado inicialmente para<br />

significar uma oposição ao termo “etnocídio” (SIDER, 1976 apud OLIVEIRA (op. cit.: 28).<br />

Tem servido como metáfora para dar conta da apreensão daqueles processos históricos <strong>de</strong><br />

criação <strong>de</strong> grupos étnicos que geram sua própria cultura, e portanto, uma distintivida<strong>de</strong> radical<br />

em relação à cultura dominante que os oprime. No geral, a idéia filia-se às tentativas<br />

contemporâneas <strong>de</strong> explorar, no campo dos estudos sobre etnicida<strong>de</strong>, os processos envolvidos<br />

na formação, manutenção e modificação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s categóricas. Uma <strong>de</strong>finição bastante<br />

clara é apresentada por Barretto Filho (1999:93): etnogenese seria “o processo [e o estudo<br />

<strong>de</strong>le] <strong>de</strong> emergência histórica <strong>de</strong> uma fronteira socialmente efetiva entre coletivida<strong>de</strong>s,<br />

distinguindo-as e organizando a interação entre os sujeitos sociais que se reconhecem – e são<br />

reconhecidos - como a elas pertencentes.” De todo modo, a questão que gostaria <strong>de</strong> discutir<br />

refere-se à proposta <strong>de</strong> Grunewald (1999: 137-172) que vê nesta metáfora uma forma <strong>de</strong><br />

substituir a clássica noção <strong>de</strong> “aculturação”. Em vez <strong>de</strong> promover uma “etnologia das perdas<br />

e das ausências culturais” (OLIVEIRA, op. cit.: 12) - resultado prático <strong>de</strong> uma compreensão<br />

das culturas como mônadas integradas em si mesmas, sujeitas inelutavelmente à perda <strong>de</strong> sua

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