O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

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CAPITULO 1 - A DIÁSPORA AÇORIANA : PERSPECTIVAS
ANTROPOLÓGICAS
1.1 - NOTA PRELIMINAR
Os estudos sobre migrações têm longa tradição nas ciências humanas, perpassando
inúmeras disciplinas, desde a geografia, estatística, demografia e economia até a historia,
sociologia, antropologia e psicologia (MIGRAÇÃO, 1988:757; CASTLES, S. & M.
MILLER,1998; GARCIA, 2000). Uma análise recente do campo (ROCHA-
TRINDADE,1996), na qual me apoio, mostra que, do início do século XX até a fundação da
Organização das Nações Unidas, o estudo das correntes de emigração esteve radicado na
demografia e na estatística. Assim, nos deslocamentos populacionais com um certo grau de
permanência, contabilizavam-se os efetivos humanos em trânsito, devidamente organizados
por gênero, classe etária, níveis de escolarização e perfis profissionais. Em fase subsequente,
até os anos 70, predominou a abordagem econômica, procurando-se conhecer mais
profundamente as causas estruturais dos processos migratórios, através do estudo dos
diferenciais de pressão demográfica, nível econômico, urbanização e oportunidades de
emprego, conduzindo a formulações teóricas baseadas na dualidade atração/repulsão. A partir
dos anos 70, não sendo estes indicadores econômicos considerados suficientes para explicar
os deslocamentos humanos, outros fatores passaram a ser considerados, especificamente no
âmbito da sociologia, da psicologia e da antropologia (CASTLES. & DAVIDSON, 2000;
PORTES. & MAcLEOD, 1999; ROCHA-TRINDADE & BEJA HORTA, 1999). Eram
fatores ligados a questões de motivação, circulação da informação e das imagens construídas
do país de origem e do país de destino. Finalmente, o mesmo estudo distingue dois grandes
subcampos na análise dos fenômenos migratórios:
(a) as grandes análises de tendência
nacional e internacional, fortemente radicadas em macro-indicadores econômicos e sociais,