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O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

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açorianos têm vindo ao Brasil, especialmente <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong> e Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, para<br />

pesquisar e coletar dados sobre costumes que lá já se per<strong>de</strong>ram. As respostas revelaram<br />

também muita emulação, estereótipos e o impacto típico dos jogos <strong>de</strong> comparação em viagens<br />

a lugares <strong>de</strong>sconhecidos.<br />

Recordando as seis operações simbólicas fundamentais que instauraram a forma<br />

imaginada <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> etnicamente diferenciada dos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> açorianos em<br />

<strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>: 1. Um mito fundador, a saga atlântica dos primeiros emigrantes entre 1748 e<br />

1756; 2. A <strong>de</strong>marcação <strong>de</strong> uma fronteira no mapa multiétnico do Estado; 3. A produção <strong>de</strong><br />

eventos evocativos; 4. Um repertório <strong>de</strong> tradições culturais; 5. Uma representação positiva <strong>de</strong><br />

si na figura do “manezinho”; 6. As viagens e “peregrinações”<br />

2.2 – COMPARANDO COM OUTROS CASOS<br />

Estas operações simbólicas guardam similarida<strong>de</strong>s se comparadas a outros<br />

fenômenos contemporâneos que implicam <strong>de</strong>mandas por reconhecimento, reelaborações<br />

culturais, respeito à diferença e àquilo que Cardoso <strong>de</strong> Oliveira chamou <strong>de</strong> “taxa <strong>de</strong><br />

consi<strong>de</strong>ração” (2000: 20), relativamente às questões <strong>de</strong> moralida<strong>de</strong> na constituição das fontes<br />

<strong>de</strong> dignida<strong>de</strong> do “Nós” em face dos “Outros”. Neste mesmo artigo, em que analisa os<br />

caminhos e <strong>de</strong>scaminhos da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, Cardoso <strong>de</strong> Oliveira cita, entre outros casos, o <strong>de</strong><br />

Andorra, com base em pesquisa feita por dois antropólogos catalães: D`Argemir e Pujadas<br />

(1997). Andorra é o único país com língua oficial catalã do mundo e está situado inteiramente<br />

numa faixa <strong>de</strong> fronteira, entre a França e a Espanha. Com mais <strong>de</strong> 70% da população<br />

estrangeira, assiste-se lá a um esforço continuado da população pela construção da<br />

“andorranitat”, um forte discurso <strong>de</strong> nacionalida<strong>de</strong> que está sobreposto, na região, a outros <strong>de</strong><br />

tipo étnico como o da “catalanidad”, que incorpora franceses e espanhóis falantes da língua

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