O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina
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período que se po<strong>de</strong> visar o crescimento das políticas e programas dos governos regionais<br />
voltados para o apoio mais direto às comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> imigrantes e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes.<br />
Elaborado primeiramente como discurso político-cultural, como acabamos <strong>de</strong> ver, a<br />
açorianida<strong>de</strong> ganhou, em paralelo, vasta expressão na literatura açoriana, significando a busca<br />
<strong>de</strong> um “regionalismo literário original” que retratasse a “alma açoriana”, a vida das al<strong>de</strong>ias, os<br />
tipos, as linguagens e as paisagens da região (CORDEIRO, 1998:57). A produção literária<br />
açoriana é vasta e significativa. Não cabe discuti-la nesse texto. Basta dizer que a literatura<br />
açoriana, seja <strong>de</strong> ficção, romance, novela ou poesia, espelha como nenhuma outra forma <strong>de</strong><br />
saber, as nuances existenciais, as memórias e os dramas da experiência migratória. Conforme<br />
o escritor brasileiro Assis Brasil (op. cit) a literatura açoriana tem as seguintes vertentes<br />
temáticas: “as guerras coloniais” que têm no romance “Ciclone <strong>de</strong> Setembro” (1985) <strong>de</strong><br />
Cristóvão <strong>de</strong> Aguiar, uma expressão emblemática; “a emigração”, que tem em “Gente Feliz<br />
com Lágrimas” (1988) <strong>de</strong> João <strong>de</strong> Melo, outra expressão síntese; a “consciência insular”, que<br />
tem em “Morrer <strong>de</strong>vagar” (1979) <strong>de</strong> José Martins Garcia, um marco consagrado. Autores<br />
açorianos mais recentes como Álamo Oliveira (1992), Onésimo Almeida (1997) e Judite<br />
Jorge (2001), têm dado continuida<strong>de</strong> a estas principais vertentes literárias, mas com<br />
influencias pós-mo<strong>de</strong>rnas, como a intensa intertextualida<strong>de</strong> da narrativa e a assunção da<br />
ubiqüida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntitária das personagens. Um bom exemplo <strong>de</strong>sta ubiqüida<strong>de</strong> aparece, em<br />
forma poética, na antologia “Da outra margem” (MAIA, org, 2001).<br />
Continuando a <strong>de</strong>senvolver o tema da transnacionalização da açorianida<strong>de</strong>,<br />
verificamos que os últimos governos regionais açorianos (anos 80 e 90), vêm implementando<br />
crescentemente, políticas transnacionais <strong>de</strong> amparo institucional, difusão cultural e<br />
intercâmbio comunitário para emigrantes e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, retornados e <strong>de</strong>portados, criando<br />
assim espaços <strong>de</strong> conexão entre os Estados Unidos, Canadá, Brasil, Havaí, Venezuela, e<br />
Bermudas. Se nos é possível fazer uma datação, diríamos que o início do processo <strong>de</strong>