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O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

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170<br />

Acredito que esta relação próxima entre o pensamento <strong>de</strong> Simmel e a Antropologia tal como a<br />

fazemos hoje tem muito que ver com a experiência etnográfica que institucionaliza a interação<br />

direta e o mergulho temporário no mundo do outro como condição para a produção <strong>de</strong><br />

conhecimento. Daí para o recorte e observação <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados tipos <strong>de</strong> intersubjetivida<strong>de</strong><br />

que são mais visíveis e fixados no mundo cotidiano é um passo curto. 7<br />

4.1.2 - A análise antropológica <strong>de</strong> rituais<br />

Na literatura sociológica e antropológica, os estudos clássicos sobre ritual sempre<br />

estiveram ligados aos fenômenos religiosos ou mágicos, dizendo respeito à parte<br />

comportamental formal e prescritiva <strong>de</strong>stes fenômenos, por oposição às crenças, que seriam<br />

representativas dos aspectos dogmáticos dos fatos religiosos. Procurava-se assim sublinhar<br />

ora seu caráter mágico-religioso, por oposição a fatos seculares ou profanos, ora seu aspecto<br />

significativo em si mesmo, por oposição a ações instrumentais ou racionais ((RITUAL,<br />

1986:1081; RELIGIÃO, 1982: 814 ). Mo<strong>de</strong>rnamente, o enfoque sobre o ritual tem enfatizado<br />

o processo dialético que põe em relação e expõe <strong>de</strong>terminados aspectos significativos da vida<br />

social, fazendo transitar fatos, posições, temporalida<strong>de</strong>s e valores do domínio ordinário ao<br />

domínio extraordinário, do profano ao sagrado e vice-versa, e, com isso, dando sentido à<br />

própria realida<strong>de</strong> social. O ritual seria esse momento <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação no qual, através <strong>de</strong><br />

certos mecanismos, estariam expostas alternativas <strong>de</strong> reforço, inversão ou neutralização da<br />

or<strong>de</strong>m social (van GENNEP, 1978; DaMATTA, 1983, p. 25-32; LEACH, 1974, p. 207;<br />

TURNER, 1974[1969], p. 5).<br />

Nesta direção, a tradição mo<strong>de</strong>rna da antropologia <strong>de</strong>senvolveu uma abordagem do<br />

rito que encerra uma dualida<strong>de</strong> permanente entre estrutura e anti-estrutura, entre o sagrado e o<br />

6 Ver especialmente Souza & Oelze (1998) e Waizbort (2000).

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