O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina
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historiográfica e folclórica sobre a açorianida<strong>de</strong>, uma produção rica em <strong>de</strong>scrições <strong>de</strong><br />
costumes e cronologias, e cujos atores representavam a geração nacionalista <strong>de</strong> 48 10 . Dos<br />
anos 1970 até 1992, essa literatura <strong>de</strong> base historiográfica será reavivada, discutida e<br />
ratificada nas chamadas Semanas Açorianas, organizadas bilateralmente pela <strong>Universida<strong>de</strong></strong><br />
dos Açores e <strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>Fe<strong>de</strong>ral</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>. A <strong>Universida<strong>de</strong></strong> passa a catalisar cada<br />
vez mais esse tipo <strong>de</strong> iniciativas muito em função da inserção, na instituição, dos<br />
pesquisadores ligados a geração <strong>de</strong> 48. Foi um período <strong>de</strong> maior internacionalização, quando<br />
também se realizaram, nos Açores, os Congressos mundiais das Comunida<strong>de</strong>s Açorianas. 11<br />
Ate aí todas as discussões sobre a açorianida<strong>de</strong> ficam restritas aos <strong>de</strong>bates acadêmicos<br />
e a uma seleta divulgação inter-pares. Poucos intelectuais visitaram o Arquipélago dos<br />
Açores, pesquisas históricas foram realizadas, mas nada indicava a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> expansão<br />
<strong>de</strong>stas discussões a setores populares como associações culturais e ambientes escolares. A<br />
ênfase caia no culto ao passado memorável e o presente não passava <strong>de</strong> um cenário para as<br />
“sobrevivências culturais” <strong>de</strong>ixadas pelos antepassados açorianos, sempre em risco <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>saparecimento. Será nos anos 90 que tudo isso eclodirá na forma <strong>de</strong> um movimento cultural<br />
<strong>de</strong> caráter regionalizado.<br />
Nos anos 80, a mo<strong>de</strong>rnização tardia, com a eclosão da expansão urbana, do turismo, o<br />
crescimento dos fluxos migratórios para o litoral e a maior visibilização dos antigos modos <strong>de</strong><br />
vida nas pequenas localida<strong>de</strong>s praianas 12 , colocou em pauta os riscos reais <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>saparecimento das tradições culturais locais. O caso da “farra do boi” é ilustrativo.<br />
9 Há uma vasta literatura produzida neste período. Refiro-me aos Boletins da Comissão Catarinense <strong>de</strong> Folclore e<br />
à Revista do Instituto Histórico e Geográfico <strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>. Para uma avaliação <strong>de</strong>ste período confira<br />
especialmente Garcia Junior,( op.cit. caps. 1 e 2).<br />
10 Refiro-me a historiadores, juristas e políticos como Henrique Fontes, Lucas Boiteaux, José Boiteaux,<br />
Oswaldo Cabral, Victor Peluso Jr., Theobaldo Costa Jamundá, Vidal Ramos. Estes, entre outros, participaram da<br />
fundação da primeira Faculda<strong>de</strong> Catarinense <strong>de</strong> Filosofia na década <strong>de</strong> 50.( CORREIA, 1998).<br />
11 Foram organizadas quatro Semanas Açorianas ( 1982, 1987, 1989, 1992). A <strong>de</strong> 1989 foi realizada nos<br />
Açores, as <strong>de</strong>mais em Florianópolis. Publicadas em Anais estão a segunda e a terceira. Quanto aos Congressos,<br />
organizados pelo Governo Autônomo dos Açores, foram quatro, realizados em 1978, 1986, 1991, 1995, estando<br />
todos os Anais publicados.