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O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

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futuros sobre a complexida<strong>de</strong> social, política, étnica e cultural da diáspora açoriana. Os<br />

grupos i<strong>de</strong>ntitários nesses encontros po<strong>de</strong>m ser divididos entre (a) “imigrantes”, (b)<br />

“<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes” (geracionais e históricos) e (c) “regressantes”. Os imigrantes são aqueles que<br />

marcam sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> a partir da experiência pessoal – normalmente bem sucedida - <strong>de</strong><br />

terem migrado ainda jovens, sobretudo para os Estados Unidos e Canadá. Os <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />

constituem em primeiro lugar os filhos das gerações anteriores <strong>de</strong> imigrantes, reportando-se à<br />

experiência migratória como um patrimônio afetivo e dramático das gerações anteriores. Em<br />

segundo lugar os “<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes históricos”, <strong>de</strong>finidos como her<strong>de</strong>iros das ondas migratórias<br />

seculares, sobretudo as ocorridas para o Brasil e Hawaii. Os “regressantes” 15 são um grupo<br />

<strong>de</strong>finido pela escolha tácita, normalmente <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> própria, <strong>de</strong> ter retornado à vida familiar<br />

nos Açores, após uma vida <strong>de</strong> trabalho árduo no país <strong>de</strong> acolhimento. Eles representam<br />

aqueles imigrantes que mantiveram suas proprieda<strong>de</strong>s nos Açores, <strong>de</strong>cidiram retornar com a<br />

família nuclear, formada nos país <strong>de</strong> acolhimento ou aqueles que se aposentaram para<br />

terminar suas vidas na terra natal. Cada grupo revela problemas, tensões e configurações<br />

próprias <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e pertencimento, <strong>de</strong> acordo com suas trajetórias <strong>de</strong> vida e inserção na<br />

região resi<strong>de</strong>nte.<br />

Em primeiro lugar, aqueles que representam a emigração açoriana para os Estados<br />

Unidos e Canadá, revelaram nos relatos 16 , formas diversas <strong>de</strong> auto-avaliação do processo<br />

migratório, tendo em conta o fim dos gran<strong>de</strong>s movimentos <strong>de</strong> saída do Arquipélago. É o que<br />

mostra A<strong>de</strong>lai<strong>de</strong>, professora aposentada no Canadá:<br />

É importante assinalar o salto da betoneira para o projetista, mas mais importante ainda é o<br />

salto que representa a mudança <strong>de</strong> uma atitu<strong>de</strong> mental, oposta à do passado, em que o<br />

amealhar <strong>de</strong> dólares falou sempre mais alto. Alheios a conceitos <strong>de</strong> exploração <strong>de</strong> trabalho<br />

infantil, os seus filhos dos imigrantes constituíram mão-<strong>de</strong>-obra preciosa, no auxílio que<br />

ocorridos.<br />

15 Há um subgrupo entre os regressantes, que são os retornados por <strong>de</strong>portação. Estes são amparados pelos<br />

serviços sociais do governo regional dos Açores em função <strong>de</strong> permanecerem marginais quanto a uma nova<br />

inserção na socieda<strong>de</strong> local. Não pesquisei este grupo por não estarem representados nestes encontros. Para mais<br />

<strong>de</strong>talhes ver o estudo <strong>de</strong> Brilhante ( 2000).<br />

16 Todos os nomes <strong>de</strong>sta seção são fictícios.

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