30.10.2014 Views

O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

118<br />

utilizados para a interpretação dos fenômenos i<strong>de</strong>ntitários contemporâneos. São eles: (a) - A<br />

crítica do “essencialismo”. (b) - A noção <strong>de</strong> “etnogenese”. (c) - O problema da “ambigüida<strong>de</strong>”<br />

na análise dos fenômenos i<strong>de</strong>ntitários. (d) - A “política da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>”.<br />

(a) - A crítica do “essencialismo”. Parece haver já uma “regra canônica” pós-mo<strong>de</strong>rna: a<br />

<strong>de</strong>núncia teórica das “categorias homogêneas”, das noções essencialistas <strong>de</strong> “cultura”,<br />

“tradição”, “i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>”, encontradas nos objetos etnográficos <strong>de</strong>scritos pelos estudiosos da<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, cultura, globalização e etnicida<strong>de</strong>. Parece que estamos empenhados em uma<br />

“cruzada” <strong>de</strong>s-substancializadora das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> análise classicamente utilizadas para<br />

enten<strong>de</strong>r os fenômenos sócio-culturais mo<strong>de</strong>rnos. No momento atual, o que tem informado a<br />

abordagem padrão sobre a cultura, são metáforas não <strong>de</strong> tipo orgânico, mas inorgânico:<br />

fluxos, processos, malhas, <strong>de</strong>slocamentos, hibridização etc. A crítica do “essencialismo” 34 nas<br />

ciências sociais, sobretudo a partir dos anos 90, generalizou uma agenda permanente <strong>de</strong><br />

trabalho on<strong>de</strong> os pesquisadores parecem con<strong>de</strong>nados a <strong>de</strong>monstrar como as “categorias<br />

homogêneas” são construídas/<strong>de</strong>scontruidas/inventadas pelos atores sociais. Mesmo que<br />

preten<strong>de</strong>sse fugir disso, o trabalho <strong>de</strong>senvolvido neste capítulo não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser uma <strong>de</strong>stas<br />

<strong>de</strong>monstrações. Porém, há uma questão vital aqui, no fundo uma velha questão metodológica<br />

da Antropologia que é a <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar-se indagar permanentemente pelos dados etnográficos, sem<br />

aprisiona-los aos nossos constructos teóricos.<br />

Ora, o que advém dos casos <strong>de</strong>scritos anteriormente? Os açorianos <strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>,<br />

os Andorranos europeus, os Kristang <strong>de</strong> Malaca e os índios do Nor<strong>de</strong>ste brasileiro valem-se<br />

amplamente <strong>de</strong> categorias “essencialistas” para legitimar suas <strong>de</strong>mandas por reconhecimento<br />

e construir esferas <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>. O apelo a uma trajetória histórica sem negar uma origem<br />

34 A literatura sobre estas questões cresceu rapidamente nos anos 1990, tornando paradigmáticas as críticas aos<br />

“essencialismos” nas ciências sociais. Ver, por exemplo: Feathertone (1990); Robertson (1992); Canclini<br />

(1990); Ortiz (1994); Ianni (1995); Santos et al (1994); Appadurai (1996); Basch et al (1994); Hannerz (1992);<br />

Ribeiro (2000).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!