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O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

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entrevistas gravadas com intelectuais, li<strong>de</strong>ranças e informantes qualificados vinculados ao<br />

movimento açorianista e às tradições culturais da Ilha .<br />

Sobre o tratamento dos relatos, preservei as biografias dos informantes, usando nomes<br />

fictícios para todos eles. Mantive os topônimos com os nomes originais. Nas passagens on<strong>de</strong><br />

transcrevo trechos <strong>de</strong> entrevistas, a letra “E” indica “entrevistador”. Os relatos inscritos no<br />

texto, parecem, à primeira vista muito longos e por vezes sem uma análise <strong>de</strong>talhada dos<br />

conteúdos. Isto reflete a minha escolha. Quis mais dos relatos do que torna-los simplesmente<br />

um repositório <strong>de</strong> dados que ilustram minhas imposições <strong>de</strong> problemática. Estes relatos<br />

representam vozes explicativas, eles são coadjuvantes da narrativa etnográfica e não<br />

meramente citações periféricas para um suposto monólogo autoral. Minhas <strong>de</strong>scrições são o<br />

resultado <strong>de</strong> muita observação, participação e entrevistas com informantes qualificados. Estas<br />

entrevistas foram bastante ecléticas, tendo eu tratado <strong>de</strong> inúmeros assuntos. Por isso diversos<br />

informantes aparecem aqui e ali, por todo o texto. Mas o valor explanatório dos relatos é<br />

também o resultado da qualida<strong>de</strong> e tipo <strong>de</strong> inquirição feita pelo pesquisador. No meu caso,<br />

tenho uma longa historia <strong>de</strong> imersão no universo açoriano, especialmente na Ilha <strong>de</strong> <strong>Santa</strong><br />

<strong>Catarina</strong>. De resto, <strong>de</strong>fendo uma antropologia dialógica, feita <strong>de</strong> encontros <strong>de</strong> horizontes. Se<br />

este trabalho fosse uma peça <strong>de</strong> ficção literária, diria que contém quatro personagens que,<br />

espero, dialoguem entre si: o autor, o leitor, o informante e a própria antropologia.<br />

*<br />

No inicio da minha formação no curso <strong>de</strong> doutorado e mesmo quando elaborava o<br />

projeto para a qualificação, cheguei a me perguntar se estes objetivos po<strong>de</strong>riam ser alcançados<br />

e qual tipo <strong>de</strong> etnografia estaria fazendo e oferecendo ao leitor. Afinal, sentia os riscos <strong>de</strong> me<br />

propor a fazer uma etnografia sem ancorar-me em uma única comunida<strong>de</strong> especialmente<br />

<strong>de</strong>finida, po<strong>de</strong>ndo tudo resultar numa escrita eclética <strong>de</strong>mais, fragmentária ou superficial,<br />

atirando para todos os lados, sem examinar nada direito. Uma vez em todos os lugares, estaria

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