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O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

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(GOLDMAN, 1999).<br />

A antropologia da complexida<strong>de</strong> caracteriza um mo<strong>de</strong>lo<br />

contemporâneo do fazer antropológico, marcado por uma reação mais radical às ambições<br />

cientificistas cravadas na história da disciplina, ao mesmo tempo que busca atingir os<br />

processos <strong>de</strong> objetivação do vivido, do específico, das tramas interfecundadas entre a história<br />

e a geografia. Uma vez que renuncia a atingir o mais alto grau <strong>de</strong> precisão, o que a obrigaria a<br />

abrir mão <strong>de</strong> uma imensa gama <strong>de</strong> variáveis concretas, naturalizando seus objetos, a essa<br />

antropologia como história não é permitido <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> lado qualquer aspecto da realida<strong>de</strong><br />

abordada. Tudo é sempre um fato social total. Nesse sentido, po<strong>de</strong>ríamos dizer que o papel da<br />

antropologia atual é contribuir para o mapeamento do plano “microscópico” da realida<strong>de</strong><br />

social, mas consciente <strong>de</strong> que se alguma totalida<strong>de</strong> existe só po<strong>de</strong> localizar-se no plano dos<br />

processos <strong>de</strong> objetivação da história que engendram em cada época os “objetos”<br />

aparentemente naturais que os cientistas sociais costumam tomar como dados a trabalhar<br />

(VEYNE, 1982: 151-154). No momento atual, o “objeto” da historia é a socieda<strong>de</strong> global. Ele<br />

coloca um dos <strong>de</strong>safios cruciais da antropologia contemporânea: pensar os fenômenos<br />

i<strong>de</strong>ntitários no contexto da globalização. O acervo das categorias utilizadas nas ciências<br />

sociais revela-se insuficiente para lidar com este <strong>de</strong>safio, tendo sido erigido em referência à<br />

“socieda<strong>de</strong> nacional” (WALLENSTEIN, 1996; IANNI, 1998; SANTOS, 2002). Noções mais<br />

ou menos sedimentadas como “natureza”, “socieda<strong>de</strong>”, “cultura”, “i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>”, “tradição”,<br />

“etnia”, “raça” per<strong>de</strong>m seu vigor explicativo como unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> análise, diante dos múltiplos<br />

movimentos e configurações <strong>de</strong> comportamento entre indivíduos e coletivida<strong>de</strong>s, exigindo<br />

do sujeito <strong>de</strong> conhecimento, aquilo que Ianni chama um “olhar <strong>de</strong>sterritorializado”(op. cit., 8),<br />

uma reflexão do tipo itinerante, que <strong>de</strong>sloca-se por muitos lugares e diferentes perspectivas.<br />

Nesse contexto, uma das tarefas centrais da antropologia é <strong>de</strong>scobrir as formas <strong>de</strong> reprodução<br />

do homogêneo e do heterogêneo, sob as condições <strong>de</strong> forte compressão do espaço/tempo e<br />

sob a hegemonia do capitalismo transnacionalizado (RIBEIRO, 2000). Para este <strong>de</strong>safio, os

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