30.10.2014 Views

O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

63<br />

CORNWELL JR., 1992; TEIXEIRA, 1999; I JORNADAS, 2002). Enquanto no Brasil, a<br />

açorianida<strong>de</strong> revela uma busca <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> em um contexto regional on<strong>de</strong> as principais<br />

etnias (alemã, italiana, polonesa, açoriana) estariam situadas num mesmo cenário <strong>de</strong><br />

possibilida<strong>de</strong>s das lutas simbólicas por visibilida<strong>de</strong> e reconhecimento, na América do Norte, a<br />

questão da açorianida<strong>de</strong> só po<strong>de</strong> ser compreendida, partindo-se do parâmetro geracional, das<br />

diferenças <strong>de</strong> comportamento político por geração, num cenário marcado pela retórica<br />

multiculturalista e por contextos <strong>de</strong> relações interétnicas altamente segmentadas quanto às<br />

posições <strong>de</strong> visibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada etnia.<br />

Acabamos <strong>de</strong> percorrer a trajetória da açorianida<strong>de</strong>. Vimo-la <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua primeira<br />

formulação, ocorrida no bojo dos movimentos autonomistas açorianos do final do século XIX,<br />

passando pela sua sofisticação na literatura e política regionais, até à sua transnacionalização<br />

nos anos 1990. Consoante às crescentes <strong>de</strong>mandas i<strong>de</strong>ntitárias localistas que emergem nos<br />

cenários impostos pela globalização cultural (RIBEIRO, 2000; SANTOS, 2002; AGIER,<br />

2001), a açorianida<strong>de</strong>, tornou-se um discurso para a diáspora. Um discurso que, mesmo<br />

fincado nas raízes locais (regionais), tornou-se uma territorialida<strong>de</strong> sem fronteira e passou ao<br />

<strong>de</strong>safio <strong>de</strong> incorporar as novas formas <strong>de</strong> pertencimento e (trans)localização <strong>de</strong> sua<br />

“homeland”. Recriada nos repertórios culturais híbridos dos espaços diaspóricos das<br />

comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> imigrantes e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, açorianida<strong>de</strong> tornou-se o emblema <strong>de</strong> uma cultura<br />

diaspórica, <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> imaginada que tem um centro simbólico evocativo, uma<br />

homeland chamada Açores. Examinaremos agora como a açorianida<strong>de</strong> é narrada em alguns<br />

espaços tipicamente transnacionalizados da diáspora açoriana. Veremos como, nestes<br />

espaços, os emigrantes e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes acabam por construir práticas e representações<br />

evocativas e por vezes, mais “autenticas” que as tradições da sua homeland. A análise dos<br />

relatos trouxe-nos narrativas e estórias <strong>de</strong> vida apresentadas em clima <strong>de</strong> forte emoção,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!