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O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

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mexicano). A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estudos comparados é evi<strong>de</strong>nte porque não se po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar<br />

toda população imigrante como diáspora. Migrações voluntárias <strong>de</strong>stinadas a realizar um<br />

projeto profissional como a que registra 36.000 franceses e 32.000 britânicos em Montreal<br />

(SANGUIN, apud DUFOIX, 2001), seriam diásporas? Da mesma forma seriam diásporas, as<br />

crises migratórias <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> expulsão e êxodo como a dos palestinos do Kuweit (1991-2)<br />

e a dos nepaleses do Butão ((1991-2)(DUFOIX, op. cit.)?<br />

Diásporas tem sido <strong>de</strong>scritas diversamente como “comunida<strong>de</strong>s étnicas transnacionais<br />

do Terceiro Mundo”, como “comunida<strong>de</strong>s imaginadas” ou “nações <strong>de</strong>sterritorializadas” e até<br />

como “estruturas alternativas às estruturas do capitalismo mundial” (KARIN, 2001: 3<br />

passim). Bhabha (1994) as <strong>de</strong>screve como o terceiro espaço, fronteira cultural entre o país <strong>de</strong><br />

origem e o país <strong>de</strong> residência e Jan Mohamed (1992: 97) vê nas diásporas uma “zona<br />

especular <strong>de</strong> intensa criativida<strong>de</strong> nascida fora da angustia existencial do imigrante que não<br />

está nem aqui, nem lá”. Gomes Peña ((1996: 46) as vê como o “mapa conceitual <strong>de</strong> uma nova<br />

zona <strong>de</strong> fronteira em oposição a nova or<strong>de</strong>m mundial, sendo, no entanto, um lugar on<strong>de</strong><br />

nenhuma certeza permanece”. Um texto bastante citado (COHEN, 1997), que trata <strong>de</strong><br />

conceituar e criar tipologias sobre as diásporas contemporâneas, sugere nove características<br />

comuns ao fenômeno e classifica as diásporas em cinco tipos. 18 As características seriam: 1. a<br />

dispersão, por vezes, traumática, sobre ao menos dois territórios estrangeiros; 2. expansão<br />

territorial com o objetivo <strong>de</strong> conquista, comercio ou trabalho; 3. a existência <strong>de</strong> uma memória<br />

coletiva do país <strong>de</strong> origem; 4. a i<strong>de</strong>alização do país natal e engajamento coletivo para sua<br />

criação ou manutenção; 5. um movimento <strong>de</strong> retorno; 6. uma forte consciência étnica <strong>de</strong><br />

grupo; 7. uma relação conflitiva com as socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> acolhimento; 8. solidarieda<strong>de</strong> com os<br />

membros do grupo étnico instalados sobre outros territórios; 9. a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver<br />

um sentido criativo <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> países tolerantes. Sobre esta caracterização, meramente<br />

18 Para uma resenha do livro <strong>de</strong> Cohen ver Dufoix (2001)

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