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O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

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consumo. Enquanto ao marido/pai cabia a organização da produção, à mulher/mãe cabia a<br />

organização do consumo. Especialmente no fabrico da farinha que foi durante o século<br />

passado, o produto <strong>de</strong> maior expressão no comércio exportador da Província <strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>.<br />

A terra era preparada entre os meses <strong>de</strong> maio e julho, reservando agosto para o início do<br />

plantio. Da colheita do ano anterior eram guardadas mudas plantadas isoladamente. A colheita<br />

era efetuada após um período <strong>de</strong> dois anos e geralmente no mês <strong>de</strong> abril, quando os ilhéus se<br />

<strong>de</strong>dicavam à farinhada. Nesse período coincidiam a safra da tainha e a farinhada impondo-se a<br />

divisão <strong>de</strong> tarefas e a supervisão dos proprietários entre o rancho <strong>de</strong> pesca e o engenho <strong>de</strong><br />

farinha. Ressalte-se que eram poucos os que possuíam engenho <strong>de</strong> farinha. A maioria só podia<br />

moer sua farinha <strong>de</strong>pois que os proprietários terminassem a sua, tomando <strong>de</strong> empréstimo o<br />

maquinário e pagando com alguns dias <strong>de</strong> serviço prestados ao dono. Os engenhos <strong>de</strong> farinha<br />

movidos a tração animal funcionaram entre 1760 até 1963 (VALE PEREIRA (1992).<br />

Um dos traços mais característicos da economia agrícola era a utilização das<br />

chamadas “terras comunais”, conhecidas entre os nativos como "pastos comuns" ou "matos do<br />

povo". Na Ilha <strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong> esta forma <strong>de</strong> utilização da terra ocorria com maior<br />

freqüência entre os pequenos lavradores e até 1986 ainda havia usuários na região <strong>de</strong><br />

Canasvieiras. Consistia no aproveitamento da terra para a criação doméstica do gado, corte <strong>de</strong><br />

lenha e ma<strong>de</strong>ira, uso agrícola para subsistência, aproveitamento dos galhos para construção <strong>de</strong><br />

cercas; <strong>de</strong> cipós, taboas e juncos para a produção <strong>de</strong> balaios e esteiras; da flor <strong>de</strong> marcela e<br />

capim para confecção <strong>de</strong> travesseiros e, ainda, o aproveitamento comunal dos caminhos e<br />

fontes d'água, além do próprio estrume do gado (CAMPOS, 1991).<br />

Em relação à organização social, observamos presentemente que, nas ativida<strong>de</strong>s<br />

coletivas como as pescarias com re<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto, processamento da farinha <strong>de</strong> mandioca,

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