O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

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(donatário) de dívidas, este podendo ser o eleitor, o cliente, o devoto, aquele,
enfim, que se sente em dívida;
• esquemas de solidariedade e cooperação ativados sempre que há promoções
comunitárias, como as festas do Divino, de padroeiro, quando ocorrem
campanhas, gincanas, bingos, rifas etc;
• esquemas hierárquico-distributivos presentes nos processos de distribuição
do produto do trabalho coletivo, como na captura da tainha feita na beira da
praia.
Vale lembrar que estas formas de interação são plasmadas umas nas outras, e a sua
separação é aqui uma ferramenta descritiva. Para ilustrar, observo que alguns dos termos
ilhéus de uso corrente na região denotam aspectos centrais da sociabilidade ilhoa. Por
exemplo:
• “monte”: é a espécie de caixa financeira comum, para a qual todos os
membros da família têm obrigação de contribuir;
• “ajutório”, “ajuda”: qualquer esquema de visitação doméstica destinado a
pedir ajuda para alguma ação comum ou em favor de alguém;
• “sociedade”: constituição espontânea de um grupo de pessoas para organizar
uma festa, uma pescaria ou uma confraria;
• “amigo”: toda e qualquer pessoa a quem o outro, mesmo sem intimidade, não
gostaria de tratar como desconhecido;
• “amiga”: no mesmo sentido, mas acrescentando o fato que pode ser a amante
de ego; ambos diferem de “colega”, mais distante;
• “camarada”: possível aliado ou companheiro de trabalho;