30.10.2014 Views

O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

163<br />

Appaduray, parece-me útil para o aprofundamento futuro da reflexão antropológica sobre a<br />

tensão entre “estrutura” e “agência”, um <strong>de</strong>bate que me parece crucial na história teórica da<br />

disciplina.<br />

*<br />

Vimos que as festas populares brasileiras, como as do Divino e dos santos padroeiros<br />

(as), constituem cenários para trocas generalizadas entre seus participantes. Partindo <strong>de</strong>ste<br />

enquadramento, afirmamos que elas não <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ser “eventos comunicativos”, negociando<br />

significados e produzindo mensagens coletivas cujos conteúdos variam conforme a correlação<br />

das forças sociais que a produzem:<br />

A gênese da festa localiza-se no imaginário coletivo, sendo resgatada periodicamente<br />

através dos fluxos <strong>de</strong> comunicação interpessoal (grupos <strong>de</strong> parentesco, vizinhança,<br />

trabalho). Eles <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>iam iniciativas <strong>de</strong> celebração, apropriadas pelas instituições<br />

sociais (escola, igreja, partido, empresa, governo). Essa intermediação comunicativa<br />

suscita o interesse dos veículos <strong>de</strong> difusão coletiva que a elas associam-se,<br />

produzindo fluxos <strong>de</strong> comunicação massiva, responsáveis pela mobilização dos<br />

indivíduos para participar <strong>de</strong> atos comemorativos. Ao assimilar o clima <strong>de</strong> festa e<br />

nele integrar-se ou <strong>de</strong>le apartar-se as pessoas naturalmente introjetam imagens que<br />

irão nutrir o imaginário da socieda<strong>de</strong> a que pertencem e que reativa-se<br />

periodicamente (sublinhados do autor) (op. cit.: 182). (MARQUES <strong>de</strong><br />

MELO,1999:182)<br />

Hoje em dia, as festas populares não são apenas geradas pelos grupos locais <strong>de</strong><br />

vizinhanças, mas resultam da ação <strong>de</strong> diversos setores entre os quais a mídia, empresas e<br />

órgãos públicos. Tais setores alteraram profundamente a fisionomia das festas populares no<br />

Brasil e em toda a América Latina. O diagnóstico vem da “Folkcomunicação” ou “Folkmedia”,<br />

área <strong>de</strong> pesquisa que reúne interessados nas relações entre comunicação e cultura popular.<br />

Estes pesquisadores propõem que<br />

as festas sejam pesquisadas como processos<br />

comunicacionais entre classes e segmentos sociais diferenciados que disputam sua hegemonia

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!