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O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

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imigrantes açorianos na ilha <strong>de</strong> São Miguel. O “feedback effect” <strong>de</strong>signava fluxos <strong>de</strong> idéias,<br />

bens e serviços e como estes fluxos po<strong>de</strong>riam criar um sistema <strong>de</strong> interações adaptado às<br />

mudanças dos “padrões <strong>de</strong> migração”. O “feedbach effect” explicava a criação <strong>de</strong> canais <strong>de</strong><br />

informação que <strong>de</strong>terminavam, segundo o autor, as escolhas dos indivíduos quanto a <strong>de</strong>cisão<br />

<strong>de</strong> migrar, além <strong>de</strong> construir um “sentido mental” <strong>de</strong> proximida<strong>de</strong> entre a terra <strong>de</strong> origem e <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>stino (op.cit. 130).<br />

Uma outra característica a salientar, no quadro exposto, refere-se às singularida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

cada geração relativamente a diferenças quanto ao grau <strong>de</strong> inserção (sócio-economica) e a<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural no contexto do país <strong>de</strong> acolhimento. No caso da emigração açoriana para<br />

os Estados Unidos, existem já quatro gerações <strong>de</strong> imigrantes e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes. Sabemos que os<br />

imigrantes são originários <strong>de</strong> diferentes classes sociais, regiões ou países e a experiência<br />

migratória marca também profundas diferenças quanto ao gênero. Entretanto, no contexto da<br />

socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acolhimento, o parâmetro geracional - referido, não apenas aos distintos<br />

períodos históricos do fluxo migratório, mas às gerações subseqüentes – vai singularizar<br />

sociologicamente os grupos sociais. Neste sentido, alguns pesquisadores têm apontado a<br />

relevância do estudo intergeracional como recurso para compreen<strong>de</strong>r o modo como os<br />

emigrantes e as gerações subseqüentes reinterpretam e reinventam suas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, marcadas<br />

pelas experiências vividas na terra <strong>de</strong> origem, mas no contexto <strong>de</strong> uma trajetória dramática<br />

causada pela imigração (FELDMAN-BIANCO, 1996; VELHO, 1999).<br />

De todo modo, existe em geral, a tendência que atravessa a todas as gerações <strong>de</strong><br />

imigrantes e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> açorianos a <strong>de</strong>sejar visitar a região <strong>de</strong> origem, localizar<br />

famílias, <strong>de</strong> manter contactos permanentes. Em muitos casos, relembram-se ou recriam-se<br />

comportamentos e traços culturais evocadores <strong>de</strong> um legado ancestral que se reproduz em<br />

novas formas. Mesmo que se tenha, entretanto, perdido o conhecimento ou o domínio da<br />

língua portuguesa, ten<strong>de</strong>-se a procurar o convívio <strong>de</strong> outros elementos <strong>de</strong> origem comum, em

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