30.10.2014 Views

O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

135<br />

mesmo preparação <strong>de</strong> festas e procissões e cantorias, verificam-se intensas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> troca, na<br />

forma <strong>de</strong> rifas, sorteios, bingos e organizações temporárias <strong>de</strong> ajuda-mútua, chamadas<br />

“socieda<strong>de</strong>s”. Acresce que para a consecução <strong>de</strong> muitos <strong>de</strong>sses esforços comunitários,<br />

buscam-se doações, “ajudas” e os benefícios <strong>de</strong> pessoas que estão estrategicamente localizadas<br />

nas re<strong>de</strong>s locais <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r (econômico, político, religioso e <strong>de</strong> parentesco). Em alguns lugares,<br />

como nos sertões 8 , havia, há até poucos anos o sistema <strong>de</strong> escambo em que, dada a alternância<br />

secular entre a pesca e a roça, promovia intensas trocas <strong>de</strong> pescado por feijão, abóbora, farinha<br />

e verduras. . Cabe ressaltar finalmente que, em termos <strong>de</strong> organização política, tais relações ou<br />

lealda<strong>de</strong>s sociais se assentam sobre uma intrincada re<strong>de</strong> <strong>de</strong> intermediários que fornecem<br />

empregos, serviços ou favores administrativos em troca <strong>de</strong> apoio político-eleitoral. Isto<br />

produziu historicamente um sistema <strong>de</strong> patronagem e clientelismo político ainda hoje ativo na<br />

vida cotidiana das localida<strong>de</strong>s (ALBUQUERQUE, 1983, WERNER, 1985). Veremos adiante,<br />

no capitulo quatro as formas locais <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong> na Ilha <strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>.<br />

Apresentamos algumas características da formação histórica e social das populações<br />

<strong>de</strong> origem açoriana na Ilha <strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>. Vimos que organizaram-se em freguesias,<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> organização da vida social centrado na Igreja. Viviam da sazonalida<strong>de</strong> da pesca e<br />

pequena agricultura familiar. Agora, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> reconstituir brevemente o antigo modo <strong>de</strong> vida<br />

8 Os “sertões” são áreas localizadas em montanhas e com gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso. Nos “sertões <strong>de</strong> cima” da<br />

Ilha <strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>, como o “sertão do Ribeirão”, “sertão do Peri”, habitam pequenas comunida<strong>de</strong>s agrícolas,<br />

normalmente sem luz elétrica. Há, nestes rincões, alambiques <strong>de</strong> cachaça e roças <strong>de</strong> mandioca, além <strong>de</strong> produtos<br />

agrícolas que serviam, há até pouco tempo como base <strong>de</strong> troca com o pescado capturado pelos habitantes <strong>de</strong><br />

“baixo” (CAMPOS, 1991; VALE PEREIRA, 1990)

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!