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O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

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tipológica, Cohen (p. 127) distingue cinco tipos <strong>de</strong> diásporas, tomando como referencia a<br />

origem ou as motivações dos movimentos diaspóricos. Seriam: A. - diásporas <strong>de</strong> vítimas<br />

(ju<strong>de</strong>us, armênios e africanos); B - diásporas <strong>de</strong> trabalho (indianos); C - diásporas comerciais<br />

(chineses); D -diásporas imperiais (britânicas); E- diásporas culturais (povos caribenhos).<br />

Nesta última, o autor faz uma <strong>de</strong>finição a parte, porque não estaria referenciada à origem mas<br />

a uma “cultura itinerante”, baseada na afirmação <strong>de</strong> uma “i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> africana, no interesse<br />

pelo retorno e na circulação <strong>de</strong> produtos culturais híbridos entre a África, Caribe e os paises<br />

<strong>de</strong> acolhimento” (p. 127). Embora sirvam para construir quadros <strong>de</strong>scritivos, estas tipologias<br />

são <strong>de</strong> fato muito discutíveis, sobretudo porque carecem <strong>de</strong> mais pesquisas etnográficas. A<br />

historia secular <strong>de</strong> uma mesma população migrante po<strong>de</strong>ria marcar momentos em que cada<br />

um dos tipos classificados por Cohen apareceria como característica essencial. É o caso da<br />

diáspora açoriana aqui estudada. A migração açoriana foi uma diáspora “colonial” no século<br />

XVIII (sul do Brasil) e, no século XX, uma diáspora “laboral” (Estados Unidos e Canadá). Ao<br />

mesmo tempo, a diáspora açoriana seria cultural se tomássemos como referencia o chamado<br />

“mercado da sauda<strong>de</strong>” que criou nichos significativos <strong>de</strong> comércio étnico em cida<strong>de</strong>s como<br />

Fall River e New Bedford. 19<br />

O <strong>de</strong>bate atual sobre diásporas, apresenta em geral, uma dualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fundo entre<br />

aquelas abordagens que investem numa “homeland-centered narrative of diáspora”<br />

(YELVINGTON, 2001: 565) e as que consi<strong>de</strong>ram, como Clifford (1997) e outros que o<br />

significado e a compreensão da experiência diaspórica não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua vinculação ao<br />

retorno (real ou imaginário) à homeland. Esta divergência, em realida<strong>de</strong> acaba por fazer situar<br />

o conceito <strong>de</strong> diáspora como um conceito intermediário entre o local e o global,<br />

19 O “mercado da sauda<strong>de</strong>” é uma expressão <strong>de</strong> opinião publica portuguesa, referido à gran<strong>de</strong> circulação <strong>de</strong><br />

produtos como vinhos, queijos, artesanatos e outros suportado pelos imigrantes e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes em todo o<br />

mundo. Confira os sites : http://www.cm-ah.pt/in<strong>de</strong>x.php<br />

http://www.reconquista.pt/in<strong>de</strong>x.asp?idEdicao=32&id=3137&idSeccao=388&Action=noticia

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