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O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

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Todos estes fluxos <strong>de</strong> emigração transatlântica viriam a instituir-se como correntes<br />

geograficamente especializadas, constituindo claro exemplo <strong>de</strong> <strong>de</strong>marcação <strong>de</strong> zonas <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>stino, posteriormente continuadas ao longo das décadas seguintes. Como regra quase geral,<br />

as migrações açorianas tendiam a traduzir-se por fixação <strong>de</strong>finitiva, excetuando duas<br />

situações extremas: a falta <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ou insucessos muito significativos, que podiam encorajar<br />

o regresso à região <strong>de</strong> origem. Note-se, no entanto, que os casos <strong>de</strong> emigração familiar, com<br />

filhos nascidos e educados no país <strong>de</strong> acolhimento, tendiam a dificultar esse regresso, <strong>de</strong>vido<br />

à força contrária impulsionada pelos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes.<br />

No quadro histórico acima esboçado, <strong>de</strong>tecta-se um conjunto <strong>de</strong> fenômenos bem<br />

marcados na emigração portuguesa em geral e na açoriana em particular. O primeiro, <strong>de</strong> nível<br />

macro, diz respeito aos fluxos gerais <strong>de</strong> saída que, iniciados no século XV, têm continuado<br />

até aos nossos dias com impressionante regularida<strong>de</strong>. Uma segunda característica <strong>de</strong>ste<br />

quadro é a extrema dispersão por países numerosos em todos os Continentes. Uma terceira<br />

característica, mais especificamente açoriana, refere-se ao que foi chamado, na década <strong>de</strong><br />

1970, <strong>de</strong> “flui<strong>de</strong>z migratória” (SMITH, 1974:85), apontando para as intensas conexões e<br />

fluxos recíprocos <strong>de</strong> pessoas, bens, dinheiro, serviços, informações e movimentos <strong>de</strong> ida e<br />

retorno entre os Açores e a América do Norte. Sabemos que esta é hoje uma importante<br />

variável nos estudos globais sobre migração e diáspora, como a emergência das re<strong>de</strong>s<br />

transnacionais <strong>de</strong> imigrantes e processos simbólicos <strong>de</strong> territorialização das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s<br />

étnicas (AGIER, 2001). Na década <strong>de</strong> 70, estes fenômenos eram conhecidos pela sociologia<br />

das migrações, como uma variável <strong>de</strong> “circulação” naqueles estudos sobre migração<br />

temporária <strong>de</strong> áreas rurais para áreas urbanas (ROSS & WEISNER, 1977; CALDWEL, 1976;<br />

MOMSEN, 1986). Variável similar a da circulação, neste período, era a noção <strong>de</strong> “feedback<br />

effect”. Esta noção, emprestada da psicologia, foi aplicada por uma pesquisa pioneira <strong>de</strong><br />

antropologia (CHAPIN, 1986: 129), sobre os processos <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão entre os

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