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O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

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através da pesquisa bibliográfica, procuro agregar a essa reconstituição, dados etnográficos<br />

coletados em primeira mão. Assim, o leitor terá uma reconstituição da vida social dos ilhéus, a<br />

partir <strong>de</strong> fontes historiográficas e etnográficas. Este recurso metodológico foi adotado por<br />

Geertz (1991[1980]: 13-21) em um estudo clássico neste sentido. Mostrando como a historia e<br />

a antropologia se articulam no processo da imaginação etnográfica, o autor faz uma incursão<br />

antropológica na história, reconstituindo a formação social balinesa do século XIX e a<br />

instituição do Estado naquela socieda<strong>de</strong>. Geertz (i<strong>de</strong>m.:17) valoriza a “abordagem etnográfica”<br />

- enquanto método mais relevante para fazer um “retrato circunstanciado da organização<br />

estatal no Bali do século XIX” - em face <strong>de</strong> outros métodos que po<strong>de</strong>riam ser igualmente<br />

adotados, como o histórico ou o arqueológico. A etnografia diz o autor forneceria um mo<strong>de</strong>lo<br />

igualmente rigoroso para “interpretar os fragmentos ambíguos e inevitavelmente dispersos do<br />

passado arqueológico” balines. (ibi<strong>de</strong>m). A excelência <strong>de</strong> Geertz nesta obra mostra como a<br />

etnografia e história são aliadas na direção do entendimento <strong>de</strong> Bali. Construindo um mo<strong>de</strong>lo,<br />

não uma “entida<strong>de</strong>” histórica, mas partindo <strong>de</strong> dados empíricos, Geertz aplica-o não<br />

<strong>de</strong>dutivamente, mas experimentalmente à interpretação <strong>de</strong>stes dados (ibi<strong>de</strong>m: 21). Constrói<br />

assim, como diz, (ibi<strong>de</strong>m: 21) “uma representação simplificada e não exata” do Estado balines<br />

do século XIX que po<strong>de</strong> servir, sugere, como guia para “alargar a compreensão da historia do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da Indonésia indica (Camboja, Tailândia e Birmânia)” 2 .<br />

Na segunda seção, faço uma <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> sobrevôo sobre os principais ritos e festas do<br />

calendário nativo, reunindo dados coletados durante um ano <strong>de</strong> campo em várias localida<strong>de</strong>s<br />

2 Em livro recente Geertz (2001: 112-122) retoma a importância da relação (nem sempre generosa) entre<br />

antropologia e historia.

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