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O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

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texto etnográfico. Mais recentemente, as discussões <strong>de</strong> pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um Clifford, por<br />

exemplo, fazem voltar a combinação <strong>de</strong> leituras macro e micro em torno do objeto<br />

etnográfico. Em outras palavras e aí minha posição, entendo que o projeto antropológico<br />

somente se po<strong>de</strong>rá concretizar por inteiro caso a busca <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r os saberes locais e <strong>de</strong><br />

traduzir o modo <strong>de</strong> vida do outro for, <strong>de</strong> fato, contraponteada com a procura do conhecimento<br />

das forças globais que os emolduram. Em realida<strong>de</strong>, o que se chama globalização é um<br />

processo ambíguo e contraditório, que ocorre em simultâneo com novas formas <strong>de</strong><br />

localização. Os localismos, novos e velhos, <strong>de</strong>finem-se e afirmam-se em diálogo com forças<br />

culturais globais. Estas forças globais são os globalismos bem sucedidos <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados<br />

localismos. Daí que se distinga, como enfatiza Santos (2002: 65-66) entre localismos<br />

globalizados e globalismos localizados. Os primeiros, originários dos países centrais,<br />

significam que <strong>de</strong>terminados aspectos locais passam a ter uma aplicação generalizada no<br />

sistema econômico, político e cultural mundial. Por exemplo, a transformação da língua<br />

inglesa em língua franca e a globalização dos fast-food. Os segundos, mais visíveis nos paises<br />

periféricos, traduzem a aplicação local <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados imperativos ou práticas culturais<br />

globais. Por exemplo, o uso turístico das festas religiosas locais. Estas discussões <strong>de</strong>ságuam<br />

numa importante questão sobre o conceito <strong>de</strong> fronteira. A globalização não eliminaria as<br />

fronteiras mas simplesmente as <strong>de</strong>slocaria, <strong>de</strong> acordo com as complexas re<strong>de</strong>finições da<br />

relação entre o local e o global (RIBEIRO, 2002: 482).<br />

Tomando a perspectiva da “invenção da tradição” (HOBSBAWN & RANGER,<br />

1984), mas precavendo-me <strong>de</strong> certa vulgarização <strong>de</strong>sta rubrica, recusando-me a aceitar a idéia<br />

<strong>de</strong> que tudo é inventado e pronto, acentuei que a chamada “invenção da tradição” está<br />

vinculada aos fenômenos <strong>de</strong> constituição <strong>de</strong> objetos étnicos como atos eminentemente<br />

políticos (OLIVEIRA,1999). Tomando o período entre os anos 1940 e 1990 do século

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