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O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

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com duas canoas, cerca <strong>de</strong> mil <strong>de</strong>las. E foi só isso, até este dia. Entre conversas e o “olho” na<br />

praia, pessoas chegavam e saíam, vindas do canto da praia, saber ou trazer novida<strong>de</strong>s. Disse-<br />

-me o informante que era assim. Todo mundo atento e procurando saber <strong>de</strong> informações sobre<br />

como estavam o mar e as tainhas. Nessa altura, o vigia principal dormia a sono solto, <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> ter bebido um pouco. Então, chegou o pai do meu informante, dono <strong>de</strong> canoa e do boteco<br />

mais freqüentado da praia. Queria saber “que almoço foi aquele que fizeram”, pois não é todo<br />

dia que fazem um “rango” daqueles. Quando ficam ali no posto, querem mesmo é pegar uma<br />

tainha e assar ali na hora. Depois, o meu informante contou que os pescadores ficam <strong>de</strong><br />

prontidão na praia e esbravejam quando alguém “bota fogo no mato”, pois sendo um dos<br />

sinais tradicionais <strong>de</strong> presença <strong>de</strong> peixe, às vezes não passa <strong>de</strong> um trote. Um trote <strong>de</strong>sses<br />

causa transtorno, pois os pescadores têm que ser rápidos, não po<strong>de</strong> haver falhas, senão per<strong>de</strong>se<br />

o cardume.<br />

Sobre estas falhas, meu informante contou o caso <strong>de</strong> dois pescadores que, saindo <strong>de</strong><br />

barco, marcaram o rumo no leme e, conversando tranqüilamente um com o outro, foram<br />

per<strong>de</strong>ndo o rumo. Pior, foram em direção a um cardume gigantesco perto do costão. Os<br />

companheiros gritavam da praia, mas eles, conversando ao som do motor dois tempos<br />

(impossível ouvir qualquer coisa), foram direto no meio do cardume que, com isso<br />

<strong>de</strong>sapareceu. Quando chegaram na praia, quase foram “linchados”...<br />

A certa hora, chegou um rapaz dizendo<br />

que, nos Naufragados, a praia atrás do morro,<br />

tinham capturado milhares <strong>de</strong> tainhas, mas isso<br />

não era confirmado e ninguém <strong>de</strong>u muita<br />

importância. Pareceu-me “conversa <strong>de</strong> pescador”,<br />

daquela que serve para manter em alta o clima <strong>de</strong><br />

expectativa. Falei ao meu informante que, na<br />

Fig. 6: Ferradura da Praia do Pântano do Sul,<br />

Disponível:.suldailha.com.br.

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