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O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

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mobilizações e os apelos à solidarieda<strong>de</strong> interna supõem necessariamente um projeto político<br />

que visa a celebração da singularida<strong>de</strong> cultural do grupo. Finalmente como diz Laclau (1990<br />

apud Hall, 2000), “a constituição <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> social é um ato <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r” no sentido <strong>de</strong><br />

que ao afirmar-se, procura excluir aquilo que a ameaça.<br />

Minha questão aqui é simples: sugiro que a chamada “política <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>”<br />

generalizou-se <strong>de</strong> tal forma no mundo que não po<strong>de</strong> mais ser vista pelos antropólogos como<br />

uma via <strong>de</strong> mão única patrocinada normativamente por um Estado-nação, mas que diz<br />

respeito, além disso, a qualquer esforço coletivo cuja <strong>de</strong>manda básica é o reconhecimento <strong>de</strong><br />

sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> na forma como a construíram. Neste sentido, “política <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>”, po<strong>de</strong>ria<br />

ser consi<strong>de</strong>rada uma rubrica geral que abrigaria um vasto campo <strong>de</strong> investigação sobre os<br />

mecanismos geradores das múltiplas políticas <strong>de</strong> localização da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, dos fenômenos <strong>de</strong><br />

emergência e afirmação étnicas, dos processos <strong>de</strong> “invenção da tradição”, <strong>de</strong> “etnização” da<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, novas territorialida<strong>de</strong>s, hibridismos culturais, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s diaspóricas, formação <strong>de</strong><br />

comunida<strong>de</strong>s transnacionais <strong>de</strong> imigrantes etc. Em realida<strong>de</strong>, esta proposta vai na linha<br />

sugerida por Oliveira (op. cit.: 7), a propósito do que o autor enten<strong>de</strong> ser o estudo da<br />

“construção <strong>de</strong> objetos étnicos” (ibid.: 22). Tanto em Oliveira como aqui, esta rubrica seria<br />

um ponto <strong>de</strong> convergência entre a literatura americana sobre etnicida<strong>de</strong>, a antropologia<br />

política inglesa <strong>de</strong> base processualista e a tradição dos estudos brasileiros sobre contato<br />

interétnico.

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