30.10.2014 Views

O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

46<br />

1.2.2 - O Atlantico açoriano: trajetória e características do processo migratório<br />

A partir do início do século XV e até meados do século XVI a expansão colonial<br />

portuguesa centrou-se na criação <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> comércio e <strong>de</strong> domínio militar com<br />

dimensões mundiais e que se estendia do norte e costa oci<strong>de</strong>ntal da África até ao Oceano<br />

Indico, da Índia ao Estreito <strong>de</strong> Malaca, da China e do Japão a Timor e às Ilhas Molucas,<br />

Celebes e <strong>de</strong> Sonda. No sentido contrário, a posse dos arquipélagos atlânticos ( Ma<strong>de</strong>ira, 1420<br />

e Açores, 1432) assegurava o po<strong>de</strong>r sobre o Atlântico Sul, indo até ao Brasil. Durante séculos<br />

o <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> pessoas em direção aos <strong>de</strong>stinos coloniais portugueses atingiu proporções<br />

consi<strong>de</strong>ráveis, o que levou o historiador português Magalhães Godinho (1974) a caracterizar<br />

a emigração como um fenômeno estrutural da socieda<strong>de</strong> portuguesa.<br />

Durante, o século XX Portugal caracterizou-se como uma nação exportadora <strong>de</strong> imigrantes,<br />

seja para a Europa, principalmente França e Alemanha (TEIXEIRA & LAVIGNE 1992), seja<br />

para o continente americano, especialmente os Estados Unidos e Canadá. O peso estrutural da<br />

imigração na socieda<strong>de</strong> portuguesa expressa-se hoje na massa monetária correspon<strong>de</strong>nte às<br />

remessas que os imigrantes fazem entrar no País. Em 1994, tais remessas correspondiam a<br />

nada menos que 4.1% do Produto Interno Bruto, representando dois/terços da contribuição<br />

líquida dos fundos comunitários europeus para Portugal (ROCHA-TRINDADE, 1995: 193-<br />

206).<br />

Muito embora o Império Português tenha-se mantido até aos nossos dias (1975), é<br />

preciso notar que a emigração portuguesa não atingiu, em outros lugares e ao longo dos<br />

séculos, uma dimensão comparável à emigração para o Brasil. No caso dos territórios<br />

atlânticos <strong>de</strong> colonização anterior a brasileira, como os Arquipélagos da Ma<strong>de</strong>ira e dos<br />

Açores, estes passaram a constituir fontes intermitentes <strong>de</strong> envio <strong>de</strong> contingentes<br />

populacionais que, retomando o ciclo da procura <strong>de</strong> melhores condições <strong>de</strong> vida fora das<br />

fronteiras nacionais, dirigiram-se para o Brasil (em meados do século XVIII), em particular

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!