O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

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dimensões temáticas, segundo pesquisas de campo realizadas na região da Nova Inglaterra
(EUA), Arquipélago dos Açores e Sul do Brasil. Neste sentido, a açorianidade é assumida
como horizonte de pesquisa e construída como objeto etnográfico, servindo como texto,
contexto ou pré-texto para as descrições e análises efetuadas.
Assim, no que tange ao objeto local desta pesquisa, procuro descrever e analisar
práticas e representações relativas aos modos locais de construção e ritualização da
sociabilidade entre os nativos da Ilha de Santa Catarina. Meu objetivo central é realizar uma
etnografia das formas de sociabilidade a partir da hipótese segundo a qual as populações
descendentes de açorianos, que eu denomino de açoriano-brasileiros ou açorianodescendentes,
mas que são conhecidas como ‘catarinas’, ‘ilhéus’, ou ‘manezinhos’, teriam
seu estilo de vida e também sua forma de continuidade, ancorados no plano destas formas
elementares de interação. Em contraponto, o objeto global da pesquisa, trata da
transnacionalização da açorianidade (1978-1998), esta como um movimento, discurso e
emblema que identificam a diversidade das relações entre a terra de origem e as comunidades
de emigrantes e descendentes de açorianos espalhadas pelo Atlântico. Portanto a
especificidade da etnografia local estará englobada em um cenário de fundo que vai traçar as
bases de formação da chamada “diáspora” açoriana, analisando espaços e narrativas
tipicamente transnacionalizados. A investigação pretende contribuir em duas frentes: a das
pesquisas sobre troca e sociabilidade no Brasil, na tradição dos estudos de comunidade; e, a
dos processos de construção da etnicidade em contextos transnacionais. Ao longo do
trabalho, em paralelo às próprias descrições, há um recurso constante de visita aos clássicos
da antropologia, tentativas para um melhor enquadramento das unidades de análise, segundo
escolhas conceituais sacadas do acervo teórico da disciplina. Assim, discuto com vários
autores questões conceituais sobre diásporas, políticas e teorias da identidade, a critica dos
essencialismos, a relação entre antropologia e historia, a contribuição de Simmel para a