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O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

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transcen<strong>de</strong>ndo, não obstante, as perspectivas nacionais. Neste sentido, comparando com a<br />

experiência diaspórica açoriana, vimos que sua ênfase se dá na perspectiva <strong>de</strong> uma homeland<br />

sempre imaginada, re-significada, retornada ou recriada. Este é também o caso palestino no<br />

sul Brasil, estudado por Jardim (2000) e o caso indiano estudado por Joseph (apud Shukla,<br />

2001: 564). Nestes casos, a conexão com a distante homeland foi <strong>de</strong>liberadamente<br />

reconstruída pelas comunida<strong>de</strong>s dispersas e aqui uma observação final: sabemos que a<br />

experiência histórica <strong>de</strong> dispersão e <strong>de</strong>slocamento tem conseqüências nas formas <strong>de</strong><br />

experimentar o espaço e o tempo entre os imigrantes. Significa dizer que à condição <strong>de</strong><br />

enraizamento local <strong>de</strong> muitas comunida<strong>de</strong>s (on<strong>de</strong> quer se fixem), agrega-se uma espécie <strong>de</strong><br />

consciência <strong>de</strong> dispersão que tem um papel tão importante quanto o primeiro (o do<br />

enraizamento) na geração <strong>de</strong> praticas sociais <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. A consciência da dispersão produz<br />

uma experiência do tempo simultâneo como condição <strong>de</strong> reconstrução i<strong>de</strong>ntitária, enquanto<br />

novas formas <strong>de</strong> associação, expressão e i<strong>de</strong>ntificação são geradas pelos imigrantes a partir<br />

da distancia a um centro simbólico – o povo <strong>de</strong> origem. Esta dispersão permitiria subverter o<br />

po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> contenção das fronteiras (nacionais, étnicas, raciais, ) como marcos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>,<br />

facilitando o acesso a recursos e a geração <strong>de</strong> novos interesses. Penso que esta consciência da<br />

dispersão constitui uma chave para a compreensão das culturas diaspóricas e <strong>de</strong>ve ser<br />

aprofundada nas pesquisas antropológicas sobre os fenômenos i<strong>de</strong>ntitários contemporâneos.<br />

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