O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina
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sabe como é que se come mesmo, todo mundo tem um jeito, uns comem com a mão, outros<br />
com...e é isso, essa é a nossa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> .<br />
À <strong>de</strong>scoberta i<strong>de</strong>ntitária, agregar-se-á um processo indutor, a dizer, uma política <strong>de</strong><br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> que atuará neste campo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejabilida<strong>de</strong>. É o que vai ocorrer nos anos 90, quando<br />
uma série <strong>de</strong> iniciativas institucionais <strong>de</strong> setores universitários que articulados a agentes<br />
educacionais municipais, <strong>de</strong>senvolverão ações <strong>de</strong> sensibilização por todo o litoral <strong>de</strong> <strong>Santa</strong><br />
<strong>Catarina</strong>. 16 A coor<strong>de</strong>nação, formulação <strong>de</strong> projetos e cursos, a agregação das pessoas e o<br />
suporte logístico <strong>de</strong>ste trabalho centralizavam-se no Núcleo <strong>de</strong> Estudos Açorianos da<br />
<strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>Fe<strong>de</strong>ral</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong> - N.E.A. O NEA é um núcleo <strong>de</strong> estudos voltado<br />
para a ação cultural e tem como projeto prioritário, mapear a “cultura <strong>de</strong> base açoriana do<br />
litoral catarinense” (cf. www.nea.ufsc.br).<br />
Este grupo <strong>de</strong> agentes acabou atuando <strong>de</strong> forma bem sucedida, através <strong>de</strong> viagens<br />
contínuas 17<br />
e no espaço <strong>de</strong> uma década, na articulação <strong>de</strong> um movimento regional<br />
açorianista, formando agentes locais; produzindo material didático sobre os Açores, ví<strong>de</strong>os,<br />
cursos, oficinas; palestras tematizando a genealogia e a localização, ilha por ilha, dos<br />
sobrenomes dos primeiros casais emigrantes; na criação <strong>de</strong> grupos folclóricos, associações,<br />
espaços <strong>de</strong> exposição; na organização <strong>de</strong> festas <strong>de</strong> evocação das tradições como o AÇOR<br />
(Festa da Cultura Açoriana <strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong> , v. adiante); na produção <strong>de</strong> textos e falas<br />
sobre o “resgate do orgulho cultural” e a necessida<strong>de</strong> da consciência das raízes. Atuaram<br />
enfim como espécie <strong>de</strong> “entrepreneurs” da cultura, <strong>de</strong>spertando o interesse <strong>de</strong> muitos que<br />
passaram a colaborar localmente, fazendo crescer um trabalho que visava, no início a um<br />
levantamento <strong>de</strong> dados culturais, mas que ganhou força institucional e política, com a<br />
16 Entre 1995 e 2001 participei <strong>de</strong> inúmeras <strong>de</strong>stas iniciativas e acabei incorporando o período <strong>de</strong> 2001 como<br />
parte <strong>de</strong> meu trabalho <strong>de</strong> campo. Eram cursos <strong>de</strong> “Mapeamento Cultural” em que eram convidados especialistas<br />
em arquitetura, danças, artesanato etc. Minha participação era sobre a polemica e o significado da farra do boi.<br />
17 A pauta das viagens era <strong>de</strong>finida em acordo com as prefeituras municipais do litoral do Estado. Na medida em<br />
que os cursos eram solicitados, davam-se os <strong>de</strong>slocamentos a cida<strong>de</strong>s como Porto Belo, Bombinhas, Penha,<br />
Garopaba, São Francisco, Tijucas, Imbituba, Imaruí, Sombrio, São José, Palhoça, Araquari etc. No total estavam<br />
pautadas 45 cida<strong>de</strong>s e este processo está em andamento.