O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

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• “favor”: algo que se pede sabendo que criou uma dívida de obrigação. 11
Trataremos dessas questões doravante. Lembro que, conforme visto na introdução,
descreverei cenários locais, eventos socialmente significativos, atos de interação e falas de
nativos que refletem suas relações cotidianas. Esta opção reflete uma descrição de tipo
itinerante, que, a par de alguma fragmentação e o não aprofundamento de temas específicos,
procura seguir o objetivo de etnografar as formas elementares da sociabilidade do ilhéu.
Nesse sentido, trataremos de quatro tópicos: 1. As localidades e o patrimônio cultural da
vizinhança; 2. Os ensaios da Banda Nossa Senhora da Lapa do Ribeirão da Ilha;
3. O pagamento de “promessas” e a “política do favor”; 4. A formação de “sociedades”
temporárias ou permanentes.
4.2.1 As localidades e o patrimônio cultural da vizinhança
Focalizei a maioria das observações
de campo em duas localidades do sul da
Ilha de Santa Catarina. São localidades
situadas à beira mar: o Ribeirão da Ilha,
distante 27km do Centro de Florianópolis,
sede distrital urbana, com 18.586
habitantes (Censo IBGE 2000) e praça
central voltada para o mar, onde está
localizada a igreja matriz, fundada em
1809; e o Pântano do Sul, distante 28km do
Fig. 1: Ilha de Santa Catarina: à esquerda, a Freguesia do
Ribeirão da Ilha; à direita, a praia do Pântano do Sul.
11 Para o interesse do leitor, outras expressões nativas podem ser lidas em dois dicionários que circulam pelas
bancas da cidade de Florianópolis: Alexandre Ramos (1994); Rodrigues Filho (1996).