30.10.2014 Views

O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

243<br />

projeto antropológico, este projeto humanista que investe em uma humanida<strong>de</strong> <strong>de</strong>finida pela<br />

diferença, uma diferença, porém, sempre entrevista como fundadora <strong>de</strong> uma universalida<strong>de</strong><br />

fundamental.<br />

Neste projeto, o trabalho <strong>de</strong> campo é o instrumento operacional e <strong>de</strong>finidor do oficio<br />

do antropólogo, seja como for que o concebamos: um rito <strong>de</strong> passagem, uma experiência<br />

biográfica, uma frequentação intensa ou uma imersão <strong>de</strong>votada e intimista. Geertz<br />

(2001:110), respon<strong>de</strong>ndo a sua própria pergunta sobre como exercer o oficio antropológico<br />

nestes tempos <strong>de</strong> comoção global, encontra resposta no contraponto paradigmático entre um<br />

Pierre Clastres que <strong>de</strong>votou sua vida e paixão filosófica aos índios Guaiaqui e James Clifford,<br />

que viaja errante por entre zonas <strong>de</strong> contato, livre, mas tomado, sem muita paixão, por<br />

incertezas lúcidas e investido da critica ao trabalho <strong>de</strong> campo exotista:<br />

A maneira pronta <strong>de</strong> lidar com isso seria ver Clastres como a voz nostálgica<br />

<strong>de</strong> um passado extinto e esgotado, tanto profissional quanto real, e ver Clifford<br />

como um homem que tem o futuro nos ossos, concebendo uma antropologia para<br />

uma era <strong>de</strong> interligação global (...) Mas isso dificilmente bastaria. A escolha não se<br />

dá entre (...) o antropólogo como herói e o mo<strong>de</strong>lo do general <strong>de</strong> brigada pósmo<strong>de</strong>rno.<br />

Ela está entre sustentar uma tradição <strong>de</strong> pesquisa sobre a qual se erigiu<br />

uma disciplina ´inexata´ e parcialmente formada, mas moralmente essencial, e, <strong>de</strong><br />

outro, ´<strong>de</strong>slocar`, ´reelaborar`, ´renegociar`, ´reimaginar` ou ´reinventar` essa<br />

tradição, em favor <strong>de</strong> uma abordagem mais ´multiplamente centrada´, ´pluralista´ e<br />

´dialógica` (...)<br />

*<br />

Busquei neste trabalho um estilo claro e conciso, agudo e dialógico. Procurei<br />

presentificar ao máximo a companhia do meu leitor imaginário através <strong>de</strong> uma escrita<br />

reflexiva. A organização dos temas e seções seguiu um formato geral on<strong>de</strong> cada capitulo foi

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!