30.10.2014 Views

O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

77<br />

Este “mar <strong>de</strong> múltiplos e sentidos afetos” é o “chão”, feito <strong>de</strong> múltiplas camadas, <strong>de</strong><br />

que fala Almeida (2001:165), filósofo açoriano da <strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Brown (Massachusetts-<br />

EUA) e nascido na Ilha <strong>de</strong> São Miguel (Açores):<br />

Me senti micaelense quando fui para a ilha Terceira nos meus treze anos, mas senti-me<br />

açoriano no Continente e, na Espanha, senti-me português. Mais tar<strong>de</strong> na América, senti-me<br />

europeu e, na China, sei que me senti Oci<strong>de</strong>ntal. Se fosse a Marte porém, sentir-me-ia<br />

terrestre. Mas, nenhum <strong>de</strong>stes sentimentos aconteceu por exclusão dos outros. A longo da<br />

vida as nossas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s vão-se alargando para o universal. No entanto, todo universal tem<br />

seu chão.<br />

1.4.3 - Um arraial na diáspora em tempo real<br />

Um terceiro espaço significativo da diáspora açoriana, reúne uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> narrativas dos emigrantes e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes açorianos e portugueses continentais. Trata-se <strong>de</strong><br />

um programa <strong>de</strong> televisão quinzenal da Rádio e Televisão Portuguesa Internacional (RTPI). O<br />

Programa “Atlântida”, <strong>de</strong>dicado a reportagens sobre o Açores ( há outro <strong>de</strong>dicado à Ilha da<br />

Ma<strong>de</strong>ira), tem a duração <strong>de</strong> duas horas e é transmitido ao vivo, nos sábados, há vários anos e<br />

pela re<strong>de</strong> à cabo. Visto em todos os continentes, o programa recebe mensagens por telefone e<br />

por e-mail sendo, além <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> varieda<strong>de</strong>s, um canal <strong>de</strong> comunicação entre os<br />

emigrantes. Tendo recebido um volume consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> mensagens durante dois anos, po<strong>de</strong>ria<br />

analisar vários conteudos, como as conversas sobre os próprios assuntos das reportagens,<br />

comentários políticos sobre Portugal, impressões das viagens aos Açores, historias <strong>de</strong> vida,<br />

relatos nostálgicos etc. Mas, gostaria <strong>de</strong> acentuar a forma <strong>de</strong> apropriação <strong>de</strong>ste espaço. Ao<br />

contrário dos fóruns <strong>de</strong> discussão da internet on<strong>de</strong> os freqüentadores estão protegidos pelo<br />

anonimato e pela inexistência <strong>de</strong> uma co-presença física, inerente ao ambiente on-line, os<br />

telespectadores do programa, fazem questão <strong>de</strong> se i<strong>de</strong>ntificar e se expressam como se<br />

estivessem frente a frente com seu interlocutor. Neste sentido, a gran<strong>de</strong> maioria das<br />

mensagens reflete o uso “paroquial” que os emigrantes e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes fazem do programa, a

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!