O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

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e fez uma homenagem a ele. Enfim, o pessoal mais novo parece estar assumindo a banda e
querendo afastar velhas práticas e introduzir novo repertório. No entanto, o pessoal da velha
guarda diz que isso é coisa de jovens, com seu ímpeto original, mas que logo verão como as
coisas realmente são. Por outro lado, sabem que esse fator de renovação é bom para a banda,
só pelo fato de que gente mais nova está assumindo a banda centenária.
4.2.3 “Promessas” e “dívidas de favor”: negociando favores com os homens e graças com
os santos.
4.2.3.1 - O Divino: tempo de pagar promessas
“Olha, o Divino vem pra alumiar essa nossa imensidade de gente”
(Seu Jerônimo, pescador do Pântano do Sul,
diário de campo, p. 32)
Durante o outono de 2001, participei de inúmeras festas do Divino na Ilha de Santa
Catarina. Estas festas constituem tema privilegiado para um estudo comparativo com as
Festas do Espírito Santo no Arquipélago dos Açores, tema que será motivo de um trabalho
futuro 18 . Nas idas a campo, pude verificar que tais festas são espaços propícios à ritualização
do pagamento de promessas. Sabemos que as promessas podem se referir tanto a objetos (exvotos)
ou representações destes, doados aos santos, em satisfação de súplica atendida, quanto
à obrigação de praticar ou não determinados atos (CASCUDO, 1972 [1954], p. 739). Em
última análise, as promessas traduzem uma espécie de “contrato” religioso com o santo e
constituem um mecanismo recorrente no mundo católico mediterrânico e latino, como
18 Ver Leal (1994), para um estudo antropológico sobre as festas do Espírito Santo nos Açores, e Abreu (1999),
para o caso no Brasil.