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O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

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CAPÍTULO 3 - O MODO DE VIDA ILHÉU : HISTORIA E<br />

ETNOGRAFIA<br />

3.1. – NOTA PRELIMINAR<br />

A pesquisa <strong>de</strong> campo realizada na Ilha <strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>, objetivava estudar as formas<br />

locais <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong> através da observação das festas e ritos tradicionais. Este objetivo<br />

redundaria na confecção <strong>de</strong> um capitulo. No entanto, o material colhido em campo foi tão<br />

significativo que <strong>de</strong>sdobrei a sua apresentação em dois capítulos complementares. Este<br />

capitulo três apresenta uma pequena introdução à historia dos açorianos em terras <strong>de</strong> <strong>Santa</strong><br />

<strong>Catarina</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> quando chegaram os primeiros imigrantes até aos tempos atuais. Esta<br />

introdução serve <strong>de</strong> texto preliminar tanto à <strong>de</strong>scrição do calendário das festas e ritos ilhéus<br />

(núcleo <strong>de</strong>scritivo <strong>de</strong>ste capítulo), como do próximo capítulo, que tem as formas <strong>de</strong><br />

sociabilida<strong>de</strong> com principal núcleo <strong>de</strong>scritivo.<br />

Na primeira seção <strong>de</strong>ste capítulo, executo uma espécie <strong>de</strong> relato histórico da presença<br />

açoriana na Ilha <strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>. Este relato faz uma “visita” ao passado histórico dos ilhéus<br />

com o olhar <strong>de</strong> quem narra no tempo presente. A intenção é informar sobre o passado, sem<br />

<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> refletir, no texto, uma narrativa <strong>de</strong> tempo presente. Por isso há momentos <strong>de</strong><br />

alternância entre os tempos verbais 1 . Ao reconstituir brevemente a formação social local<br />

1 A circularida<strong>de</strong> entre tempos verbais sinaliza uma narrativa on<strong>de</strong> predomina o tempo vivido (psicológico) pelo<br />

narrador (NUNES, 1988). É como se as lembranças do narrador invadissem o presente, fundindo, por meio das<br />

mais variadas associações, o presente e o passado. Desse modo, o tempo se estilhaça e faz um movimento<br />

circular. Para compreen<strong>de</strong>r melhor essa noção <strong>de</strong> tempo psicológico, escreve Nunes (op.cit: ) "A experiência da<br />

sucessão dos nossos estados internos leva-nos ao conceito <strong>de</strong> tempo psicológico ou <strong>de</strong> tempo vivido, também<br />

chamado <strong>de</strong> duração interior. O primeiro traço do tempo psicológico é a sua permanente <strong>de</strong>scoincidência com as<br />

medidas temporais objetivas. Variável <strong>de</strong> indivíduo para indivíduo, o tempo psicológico, subjetivo e qualitativo,<br />

por oposição ao tempo físico da Natureza, e no qual a percepção do presente se faz ora em função do passado ora<br />

em função <strong>de</strong> projetos futuros, é a mais imediata e mais óbvia expressão temporal humana."

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