30.10.2014 Views

O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

52<br />

laços que interessam ser continuados por razões <strong>de</strong> natureza cultural e <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m econômica.<br />

Isto fica claro no texto oficial do organismo governamental responsável pelo apoio as<br />

comunida<strong>de</strong>s açorianas no estrangeiro:<br />

O <strong>de</strong>créscimo da emigração, a que se tem vindo a assistir nos últimos anos, coloca<br />

algumas interrogações à continuida<strong>de</strong> da nossa presença cultural nos países <strong>de</strong><br />

acolhimento e ao interesse pelas raízes que urge <strong>de</strong>spertar nas gerações mais jovens.<br />

Tanto mais que, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo o Governo uma integração nesses mesmos países por<br />

forma a evitar o isolamento e a discriminação, não po<strong>de</strong>, por outro lado, travar o<br />

processo imparável da aculturação. Aculturação que se afigura, na perspectiva da<br />

integração, <strong>de</strong>sejável até certo ponto, não ignorando porém a língua e a matriz<br />

cultural dos antepassados. Este é, portanto, um momento crucial na vida das<br />

Comunida<strong>de</strong>s. Ou se investe no futuro da nossa presença no estrangeiro,<br />

particularmente nas Américas, ou se per<strong>de</strong> irremediavelmente a dimensão <strong>de</strong> um<br />

povo que rejeitou confinar-se às ilhas, mas que as transportou <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si e as <strong>de</strong>u a<br />

conhecer ao mundo (In: http://www.pg.raa.pt/comunida<strong>de</strong>s/estatisticas.html)<br />

O fim <strong>de</strong> um longo período histórico, marcado por sucessivas ondas migratórias dos<br />

açorianos, abre mais explicitamente as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisas <strong>de</strong> natureza global, em que<br />

temas como a açorianida<strong>de</strong>, as memórias da migração, a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> diaspórica, a formação <strong>de</strong><br />

re<strong>de</strong>s transnacionais, as comunicações virtuais, a política cultural, as formas <strong>de</strong> organização<br />

comunitária e as diferenças entre as comunida<strong>de</strong>s inseridas em contextos nacionais<br />

específicos, aparecem como campos privilegiados <strong>de</strong> pesquisa. É nesta direção que este<br />

capítulo contribui. Enquanto a migração portuguesa continental, tem sido amplamente<br />

estudada do ponto <strong>de</strong> vista global e, sobretudo no espaço europeu (BASTOS, 2000), pesquisas<br />

sobre os açorianos, são mais esporádicas e pontuais (CHAPIN, 1989; ROSA & TRIGO, 1994;<br />

TEIXEIRA, 1999; OLIVEIRA, 2001). No caso da antropologia brasileira, as pesquisas<br />

<strong>de</strong>senvolvidas por Feldman-Bianco (1991, 1992a, 1992b, 1995, 1996, 1997, 2000) sobre as<br />

narrativas da sauda<strong>de</strong>, políticas <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e os modos <strong>de</strong> construção da etnicida<strong>de</strong>, classe e<br />

gênero entre os imigrantes portugueses, constituem um marco pioneiro neste campo. Seus<br />

trabalhos, constituem a primeira referencia entre os antropólogos brasileiros para estudos que<br />

privilegiam o paradigma do nation-building português, associado à problemática das políticas<br />

<strong>de</strong> imigração e etnicida<strong>de</strong>. Em relação aos açorianos, nota-se que seus trabalhos não partem

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!