O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

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Vale lembrar finalmente a importante colocação de Novais (1993:27) sobre a
necessidade de acoplar aos estudos sobre identidade, campo de percepção das relações entre
poder e cultura, a auto-imagem construída pelo grupo nas situações de contato, onde se pode
perceber os “jogos de espelhos” nos processos de formação da consciência de si através do
outro.
6. As viagens e “peregrinações”. Os antropólogos sabemos que as viagens e peregrinações
constituem importantes meios para a construção de uma “comunidade de representações”
entre pessoas com interesses e padrões de comportamento variado (TURNER, 1974; PRATT,
1992; CLIFFORD,1997; OLIVEIRA, 1999). Neste sentido, as viagens funcionam como atos
rituais de instituição ao tecer alianças externas, cristalizar interesses dispersos, criar
mecanismos de representação, forjar utopias identitárias, restabelecer laços de origem,
reelaborar ritos de passagem, criar comunidades de sentimento e evocar modos de
pertencimento já esquecidos.
O caso açoriano em Santa Catarina não é diferente. Desde 1993, o litoral do Estado
com seus 45 municípios, constitui o território básico das andanças, deslocamentos e
excursões constantes de grupos, agentes e materiais para a organização de visitas políticas,
cursos, festas, reuniões de trabalho e eventos de todo tipo, criando uma esfera de intercâmbio
permanente e solidário em favor do movimento cultural açorianista. Quando é necessário,
visitas estratégicas são organizadas em municípios do Rio Grande do Sul que também
reivindicam suas origens açorianas, como é o caso de Taquari, Rio Grande, Mostardas, Santo
Antonio da Patrulha e Montenegro. Mas dentre todas estas viagens, há uma que se destaca
pelo seu efeito simbólico porque funciona como espécie de “batismo” para aqueles que se
envolvem no movimento e criam a expectativa de conhecer “as raízes” açorianas d`além mar.
O Governo Regional dos Açores criou em 1997, embora já houvesse versões anteriores, um
30 No Ribeirão da Ilha quando alguém quer insinuar que o outro está se comportando como um “manezinho, é
comum ouvir alguém perguntar, em tom de pilhéria, a um vizinho que está todo arrumado, com aquela roupa de