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O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

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Divino é mais importante para a Igreja do que os trajes <strong>de</strong> luxo e a pomposida<strong>de</strong> histórica do<br />

cortejo. Lembrou finalmente da emoção das pessoas mais velhas, ao chorarem em ver a<br />

ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>spedir-se <strong>de</strong> suas casas e do quanto <strong>de</strong> “choro e <strong>de</strong>smaio viu nas novenas cantadas<br />

pelo Sul da Ilha”. A missa foi longa, festiva. O padre abençoou a nova ban<strong>de</strong>ira. As músicas<br />

cantadas com bateria imprimiram um ritmo quase alucinante, alto. A missa católica parece ter<br />

merecido da Igreja um verniz carismático, o que a transformou num espetáculo atraindo<br />

novamente muitos fiéis.<br />

Sábado à noite. Chegou a hora da festa. Na saída do cortejo da casa do imperador, uma<br />

saraivada <strong>de</strong> fogos. Já a essa altura havia muita movimentação na praça da igreja matriz, com<br />

os últimos barraqueiros se instalando. Veio então o cortejo da casa do imperador até a matriz,<br />

em um trajeto <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 300 metros. A composição do cortejo (fig. 4) po<strong>de</strong> ser assim<br />

<strong>de</strong>scrita: Bem na frente, os fogueteiros.<br />

Eles acendiam fogos até a entrada do<br />

cortejo na igreja. Então tínhamos o<br />

conjunto, em primeiro lugar os homens da<br />

irmanda<strong>de</strong>, os irmãos, carregando a cruz<br />

<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira ao meio, entre dois bastiões<br />

Fig. 4 - Cortejo do Divino no Ribeirão da Ilha , 2001<br />

(balandraus) com aran<strong>de</strong>las iluminadas<br />

por vela. Eram seis homens idosos,<br />

usando uma capa vermelha chamada opa. Depois vinha o estandarte com a ban<strong>de</strong>ira; a seguir,<br />

os pares <strong>de</strong> pajens e damas, formados por crianças, vestidos a caráter nas cores vermelho e<br />

branco. Então vinham o rei e a rainha, representados por um casal <strong>de</strong> jovens. A seguir, vinha o<br />

casal festeiro, também chamado casal imperial, carregando a coroa e o cetro. Por último,<br />

vinham os foliões do Divino e a banda Nossa Senhora da Lapa, que iam se alternando entre<br />

“tocatas” e “cantorias”. Perto da praça, o padre esperava o cortejo. Sua função ali era

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