30.10.2014 Views

O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

O Atlântico Açoriano - Musa - Universidade Federal de Santa Catarina

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

57<br />

geográficas, como a condição insular, a convivência com o vulcanismo e o excesso <strong>de</strong><br />

umida<strong>de</strong> (RIBEIRO,1983 [1936]; LEAL, 1997).<br />

Após 1976, com a implantação da autonomia administrativa, o discurso da<br />

açorianida<strong>de</strong> fornecerá as bases <strong>de</strong> referencia para a construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> açoriana<br />

enquanto característica fundamental <strong>de</strong> uma região politicamente autônoma. Com uma<br />

história rica em reivindicações autonomistas e até pela in<strong>de</strong>pendência (CORDEIRO, 1992;<br />

JOÃO, 1991; LEITE, 1990; MONJARDINO, 1981, 1989), a a<strong>de</strong>são ao projeto autonômico<br />

parecia tornar quase natural a tendência a um regionalismo ilhéu que, entretanto é fortemente<br />

localizado e marcado por rivalida<strong>de</strong>s inter-ilhas. Um levantamento realizado por Men<strong>de</strong>s<br />

(1999:219) sobre os níveis <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação pessoal nos Açores mostrou, em um universo <strong>de</strong><br />

265 habitantes (incluindo todas as ilhas), que 41% dos pesquisados, i<strong>de</strong>ntificaram-se<br />

primeiramente com a freguesia ou cida<strong>de</strong>; 26% com a ilha; 13,6% com a região; 9,1% com o<br />

País; 3,8% com o Mundo e 2,3% com a Europa. Os dados reunidos, mostram que 67,9% dos<br />

pesquisados i<strong>de</strong>ntificam-se primeiramente com o espaço local, indicando a presença <strong>de</strong> um<br />

localismo acentuado e a fraca presença <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> regional. A mesma pesquisa (op.<br />

cit: 440), mostrou que entre 1976 e 1995, os principais partidos políticos e meios <strong>de</strong><br />

comunicação da região, abandonaram a idéia <strong>de</strong> uma açorianida<strong>de</strong> como retórica <strong>de</strong> confronto<br />

com o espaço nacional português e convergiram para a construção <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> açoriana<br />

transnacional, em que os Açores figuravam, <strong>de</strong> um lado, como “digno representante da<br />

Europa no Atlântico” e <strong>de</strong> outro, as comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emigrantes e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes “como os<br />

mais legítimos representantes da perenida<strong>de</strong> e da profundida<strong>de</strong> dos valores tradicionais<br />

açorianos” . É então que à um regionalismo <strong>de</strong> tipo tradicional, sobrepõe-se uma<br />

regionalida<strong>de</strong> transnacional (CABRAL, 1991), que passa a incorporar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as <strong>de</strong>mandas<br />

locais e regionais da população da Região até as das comunida<strong>de</strong>s resi<strong>de</strong>ntes no estrangeiro. A<br />

açorianida<strong>de</strong> passa portanto a ser um discurso englobante da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> açoriana e é nesse

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!