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<strong>de</strong>mais. 169 Em novembro <strong>de</strong> 1935, houve pequenas revoltas explodindo em Natal, Recife e na<br />

exerceriam funções <strong>de</strong> oficiais, recebendo os vencimentos <strong>de</strong> 2º tenente, mas permaneceriam<br />

em suas graduações, usando apenas um “distintivo especial” para diferenciá-los dos<br />

102<br />

capital, Rio <strong>de</strong> Janeiro. Para McCann, os inci<strong>de</strong>ntes da chamada Intentona Comunista foram<br />

causados mais pelos problemas internos do Exército do que pelo movimento comunista em si.<br />

Um dos comunistas do acontecimento havia sido o então sargento Gregório Bezerra, cuja<br />

heroica e grotesca participação dava sinais do <strong>de</strong>spreparo e da <strong>de</strong>sarticulação dos revoltosos,<br />

ao mesmo tempo do <strong>de</strong>sespero em que se imolavam pela causa. 170<br />

Certamente essa não é a totalida<strong>de</strong> da explicação para a Intentona <strong>de</strong> 1935, mas se o<br />

discurso radical comunista havia conseguido fácil guarida em parcela da classe das praças,<br />

parece que isso se <strong>de</strong>u porque havia <strong>de</strong>mandas mal resolvidas nesse grupo social. Para uma<br />

análise mais completa <strong>de</strong> 1935, <strong>de</strong>vem ser levados em consi<strong>de</strong>ração os problemas internos,<br />

relacionados à socialização profissional das praças, incluindo aí os sargentos.<br />

Existiam incontáveis <strong>de</strong>mandas, que não tinham previsão <strong>de</strong> se concretizarem para os<br />

soldados, cabos e sargentos, mas que os oficiais já tinham satisfeitas. Talvez a principal <strong>de</strong>las<br />

fosse a inexistência da previsão <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> no serviço ativo para aqueles primeiros.<br />

Muitos dos sargentos conseguiam alcançar a aposentadoria, mas essa não era uma<br />

regra e nem uma certeza da carreira. Chegar a servir in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> reengajamento já<br />

era uma conquista, 171 que <strong>de</strong>pendia sobremodo <strong>de</strong> como o sargento era avaliado e conceituado<br />

pelos seus chefes. Segundo o marechal Lott,<br />

nessa ocasião havia uma situação, a meu ver, injusta. Os sargentos serviam ao<br />

Exército e <strong>de</strong>pois, quando chegavam a uma <strong>de</strong>terminada ida<strong>de</strong>, davam baixa sem<br />

serem reformados nem nada (…)...porque em geral eles não serviam tempo<br />

suficiente. 172 Era preciso prestar 25 anos <strong>de</strong> serviço, e eles não chegavam lá (…).<br />

Não recordo agora exatamente qual a duração do período <strong>de</strong> serviço. Alguns talvez<br />

conseguissem servir o tempo suficiente para a reforma, mas outros não. 173<br />

169 I<strong>de</strong>m.<br />

170 Gregório servia em Recife, e, ao estourar o movimento, não encontrou ninguém no QG da 7ª RM. Correu<br />

para o CPOR, foi baleado enquanto trocava tiros contra vários oficiais. Sangrando, foi para a rua tentar<br />

persuadir os passantes, armando dois funcionários <strong>de</strong> uma banca <strong>de</strong> jornal, próxima ao quartel. Insistiu um<br />

pouco mais na luta até que, novamente ferido, foi preso (MCCANN, op. Cit., pp. 480-482).<br />

171 Boletim do Exército nº 18, <strong>de</strong> 04 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1940, p.1092; Boletim do Exército nº 19, <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong><br />

1940, p.1180.<br />

172 O tempo máximo <strong>de</strong> permanência <strong>de</strong> um sargento no serviço ativo, mencionado por Lott, era <strong>de</strong> 20 anos <strong>de</strong><br />

serviço, conforme Lei do Serviço Militar <strong>de</strong> 1923, Decreto nº 15.934, <strong>de</strong> 22 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1923. Fora<br />

modificado, nos anos <strong>de</strong> 1930, para 25 anos <strong>de</strong> serviço.<br />

173 LOTT, Henrique Batista Duffles Teixeira. Henrique Teixeira Lott (<strong>de</strong>poimento, 1978). Rio <strong>de</strong> Janeiro,

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