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oficiais no ambiente profissional dos quartéis.<br />

Implementou-se um rígido controle do po<strong>de</strong>r associativo dos sargentos, que<br />

começaria por reforçar os limites formais e informais da aproximação entre as graduações<br />

<strong>de</strong>ntro daquele mesmo círculo hierárquico. Na economia do corpo social dos sargentos, a<br />

arguta manipulação <strong>de</strong> tensões já existentes entre as subcamadas dos sargentos, ou <strong>de</strong> seus<br />

elementos individualmente, acabou tornando-se uma importante ferramenta <strong>de</strong> controle nas<br />

mãos dos oficiais.<br />

A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manipulação dos oficiais seria a mostra da aplicabilida<strong>de</strong> prática da<br />

fórmula reputada a Maquiavel do “dividir para governar”, utilizada no campo político, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

a formação dos estados nacionais (ELIAS, 2001).<br />

No campo militar, contudo, o limite da aplicação <strong>de</strong>ssa máxima acabava esbarrando<br />

na necessida<strong>de</strong> funcional <strong>de</strong> extrema coesão <strong>de</strong> todos os elementos que comungam do mesmo<br />

uniforme. Detentores do monopólio da força que necessitam <strong>de</strong> controle na utilização <strong>de</strong> suas<br />

armas e, que, para serem úteis belicamente, em termos <strong>de</strong> socialização profissional,<br />

precisavam ser integrados uns aos outros, o mais harmoniosamente possível, fora uma<br />

contradição à qual a instituição se submeteu no pós-Golpe.<br />

Talvez quem mais tenha perdido fora o senso <strong>de</strong> confiança operativa dos integrantes<br />

do Exército, já que a segurança mútua das intenções entre comandantes e comandados seria<br />

um quesito importante para a coesão do corpo militar. Para John Keegan, seriam antagônicos<br />

o comando militar e o governo civil, e a utilização <strong>de</strong> instrumentos <strong>de</strong> um tipo <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança no<br />

outro (KEEGAN, 1999, p. 357). Mas no Exército do pós-1964, o comando militar parece ter<br />

acrescentado em suas bases alguns elementos do mando político, com suas simulações,<br />

dissimulações e manipulações. A socialização militar dos sargentos parece ter incorporado<br />

alguns <strong>de</strong>sses métodos durante algum tempo, temperando com aparências e opacida<strong>de</strong>s o<br />

estilo sincero, transparente e explícito que, pelo menos em <strong>tese</strong>, normalmente <strong>de</strong>veria ser<br />

aplicado ao comando militar.<br />

Esse comando militar não per<strong>de</strong>ra seu espírito coletivista e o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> hegemonia e<br />

padronização – inclusive social – <strong>de</strong> seus membros. Carregados <strong>de</strong> coações morais, sob<br />

comando incontestável das camadas conservadoras da oficialida<strong>de</strong>, os sargentos<br />

permaneceram estimulados à estagnação social durante sua vida militar.<br />

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