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estruturais na socieda<strong>de</strong>. Graças a essas tensões,<br />

349<br />

as formas <strong>de</strong> relações e instituições da socieda<strong>de</strong> não se reproduzem<br />

aproximadamente da mesma forma, <strong>de</strong> uma geração para outra. Graças a elas,<br />

algumas formas <strong>de</strong> vida em comum ten<strong>de</strong>m constantemente a se mover em<br />

<strong>de</strong>terminada direção, rumo a transformações específicas, sem que nenhuma força<br />

impulsionadora externa seja implicada (ELIAS, 1994, p. 44).<br />

Elias chama <strong>de</strong> “forças reticulares” essas forças que se tensionam entre si, e<br />

produzem transformações sociais, por conta das próprias relações entre os grupos<br />

tensionados, sem nenhuma força externa (ELIAS, 1994, p. 44).<br />

A racionalização, em substituição aos atos emotivos, que, também, po<strong>de</strong>mos chamar<br />

<strong>de</strong> objetivação das subjetivida<strong>de</strong>s, não passaria <strong>de</strong> uma manifestação do rumo das mudanças<br />

ocorridas na mo<strong>de</strong>lação <strong>de</strong> pessoas em configurações sociais. Mudanças essas que<br />

não se originam numa classe ou outra, mas surgem, sim, em conjunto com as<br />

tensões entre diferentes grupos funcionais no campo social e entre as pessoas que<br />

competem <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>les (ELIAS, 2001(b), p. 240).<br />

Não mais fazendo causa com a autonomia institucional do Exército, em relação aos<br />

outros po<strong>de</strong>res ou instituições – o que, <strong>de</strong> uma maneira ou <strong>de</strong> outra, garantia a manutenção do<br />

status quo dominante dos “estabelecidos”, na sua relação <strong>de</strong> inter<strong>de</strong>pendência com os<br />

“outsi<strong>de</strong>rs”, e indicava uma intenção gregária acerca da figuração – a pressão dos pares <strong>de</strong><br />

iguais parece ter-se voltado ao resultado “produtivo” da figuração, gregária tanto ao grupo <strong>de</strong><br />

“outsi<strong>de</strong>rs”, como, indiretamente, à figuração. Mas com intencionalida<strong>de</strong>s diferentes.<br />

Como já <strong>de</strong>scrito na análise anterior, a pressão dos pares ter-se-ia voltado àqueles<br />

que <strong>de</strong>monstram pouco interesse em colaborar na divisão dos trabalhos <strong>de</strong> rotina dos quartéis.<br />

Nesse sentido, partilham do mesmo <strong>de</strong>sejo, dos estabelecidos, <strong>de</strong> fazer trabalhar aqueles<br />

“outsi<strong>de</strong>rs”, consi<strong>de</strong>rados avessos ao trabalho.<br />

Para o <strong>de</strong>poente, a maior consequência gerada ao consi<strong>de</strong>rado mal profissional seria<br />

o seu ostracismo. Os seus pares se afastam <strong>de</strong>le. Os estabelecidos não o querem em suas<br />

equipes <strong>de</strong> trabalho. Logo, se o objetivo principal <strong>de</strong>sses militares seria o <strong>de</strong> evitar o trabalho,<br />

parece que ele é conseguido com sucesso:<br />

ele não é <strong>de</strong>signado para nenhuma ativida<strong>de</strong> que realmente exerça responsabilida<strong>de</strong>.<br />

E com isso ele consegue passar o expediente praticamente todo sem fazer nenhum<br />

tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>. Ou, talvez, ele receba aquelas que tenham a menor importância<br />

(Entrevista nº 6).

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