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haviam ensinado a trabalhar com uma equipe que pu<strong>de</strong>sse contribuir intelectualmente,<br />

fazendo ren<strong>de</strong>r o trabalho. Apren<strong>de</strong>ra <strong>de</strong> alguns oficiais da escola que se o sargento não<br />

transmitisse or<strong>de</strong>ns aos seus subordinados, eles nada fariam, numa clara noção <strong>de</strong> que os<br />

soldados e cabos não possuiriam quaisquer ações <strong>de</strong> moto próprio, sempre a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r das<br />

or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> um sargento. Além disso, falavam que na tropa os sargentos <strong>de</strong>veriam tomar<br />

cuidado com os seus subordinados, principalmente o “cabo velho”: “que, se a gente <strong>de</strong>sse<br />

bobeira, o cabo tomava o po<strong>de</strong>r da gente, que o cabo era golpista” (Entrevista nº 6). Já na sua<br />

maturida<strong>de</strong> profissional, o <strong>de</strong>poente <strong>de</strong>sconfia que aquele “ensinamento”, <strong>de</strong> alguns dos<br />

tenentes – jovens instrutores <strong>de</strong> formação recente na Aca<strong>de</strong>mia Militar das Agulhas Negras –,<br />

que tentavam incutir, nos futuros sargentos, essa postura <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconfiança em relação ao cabo<br />

teria sido um mero reflexo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias reproduzidas na Aca<strong>de</strong>mia. Segundo o <strong>de</strong>poente,<br />

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talvez eles <strong>de</strong>vem ouvir lá na Aca<strong>de</strong>mia: 'Tem um sargento mais velho, tem um<br />

sargento antigo. Mas quem tem que mandar é você. Você é que é o comandante.<br />

Você é quem tem que dar as or<strong>de</strong>ns. Então, eles meio que repassaram isso pra gente.<br />

'Óh! Você vai chegar, vai ter o cabo velho. Mas quem manda é você, você é o<br />

responsável!' (Entrevista nº 6).<br />

Essa seria uma prática curiosa, bastante contraproducente ao intento <strong>de</strong> se forjar<br />

equipes, das quais o principal elemento <strong>de</strong> coesão <strong>de</strong>vesse ser a confiança mútua. Política,<br />

moral e eticamente con<strong>de</strong>nável, caso eles fossem reais, esses “ensinamentos” dificilmente<br />

seriam difundidos fora do grupo dos oficiais, os “estabelecidos”. Há apenas indícios que<br />

apontam para o <strong>de</strong>sinteresse, durante a formação dos futuros oficiais, em se trabalhar em<br />

equipe, contando com a participação ativa <strong>de</strong> seus subordinados. No trabalho <strong>de</strong> Celso Castro<br />

verifica-se que, nos discursos dos ca<strong>de</strong>tes da AMAN, <strong>de</strong> 1988, os subordinados são<br />

mencionados sempre no papel passivo <strong>de</strong> uma relação <strong>de</strong> po<strong>de</strong>res e <strong>de</strong> saberes. Um ca<strong>de</strong>te do<br />

4º Ano crê no fato <strong>de</strong> que<br />

o soldado não tem o nosso preparo, não tem a nossa base, não acredita tanto nas<br />

coisas quanto nós. Então cabe à gente transmitir isso pro soldado [Cad 4º Ano]<br />

”(CASTRO, 1990, p. 59)<br />

Outros ca<strong>de</strong>tes, também do 4º e último ano, têm a certeza <strong>de</strong> sua missão civilizadora<br />

como oficiais do Exército:<br />

‘Eu tenho essa i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que eu vou ser responsável tanto pela formação militar do<br />

elemento, do reservista, mas principalmente por...pela educação <strong>de</strong>sse elemento, né

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