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De acordo com o coronel do Exército, Cláudio Moreira Bento, entre 1915 e 1916,<br />

64<br />

ocorreram três tentativas <strong>de</strong> se implantar pela força das armas a República<br />

Parlamentar Brasileira, utilizando como elemento armado manipulados<br />

politicamente sargentos do Exército, da Polícia e Bombeiros do Rio <strong>de</strong> Janeiro, sob<br />

a i<strong>de</strong>ia força: “A República dos Estados Unidos do Brasil foi lançada por oficiais do<br />

Exército, a República Parlamentar do Brasil <strong>de</strong>ve ser lançada por sargentos, que<br />

seriam ajudados por <strong>de</strong>putados, sendo este ato a salvação do Brasil 83<br />

Ainda <strong>de</strong> acordo com Moreira Bento, o que havia levado os sargentos à revolta foi o<br />

chamado Projeto Melhoria, visando melhorar a situação dos sargentos do Exército. E que, no<br />

enten<strong>de</strong>r do General Abílio <strong>de</strong> Noronha, oficial encarregado do inquérito militar, após o<br />

ocorrido “essa circunstância teria sido apresentada pelos <strong>de</strong>putados Vicente Pirajibe, Pedro<br />

Moacir e Maurício <strong>de</strong> Lacerda, para manipular os sargentos e usá-los como braço armado”. 84<br />

Sobre o assunto, o ministro da guerra, José Caetano <strong>de</strong> Faria, repetiu em seu<br />

Relatório ao Presi<strong>de</strong>nte da República, as próprias palavras com as quais o presi<strong>de</strong>nte se<br />

dirigiu ao Congresso. De acordo com o relatório,<br />

Esses inferiores, ce<strong>de</strong>ndo à sugestão <strong>de</strong> pessoas estranhas ao exército, e sob o<br />

pretexto <strong>de</strong> trabalharem a favor <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> lei, a eles referente, apresentado à<br />

Câmara dos Deputados, tomaram parte em reuniões, nas quais se discutiam questões<br />

políticas e se preparava um movimento <strong>de</strong> perturbação da or<strong>de</strong>m pública. A<br />

vigilância das autorida<strong>de</strong>s militares, secundada pela das autorida<strong>de</strong>s civis, não<br />

permitiu que se <strong>de</strong>sse começo à execução dos planos, que incontestavelmente<br />

trariam graves perturbações e sacrifícios <strong>de</strong> vida, sem contudo haver probabilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> êxito final. Foram presos os primeiros indicados como fazendo parte do<br />

movimento, e aberto um inquérito, que provou estarem nele envolvidos, com maior<br />

ou menor culpabilida<strong>de</strong>, 243 sargentos e 14 praças <strong>de</strong> menor graduação. O número,<br />

embora gran<strong>de</strong>, em absoluto, é, todavia, menor do que a meta<strong>de</strong> dos sargentos em<br />

serviço nos corpos <strong>de</strong>sta capital, on<strong>de</strong> havia mais <strong>de</strong> 600 inferiores. Não se tendo<br />

chegado a iniciar o movimento sedicioso, foram essas praças castigadas com o<br />

máximo das penas disciplinares, e, em seguida, excluídas, por não convir à<br />

disciplina do exército sua permanência nas fileiras. É, por certo, lamentável esse ato<br />

<strong>de</strong> indisciplina, mas convém notar, para honra do exército, que, sendo os sargentos<br />

os intermediários entre os oficiais e as praças, não conseguiram interessar nos seus<br />

planos um único oficial, nem tiveram prestígio para arrastar os soldados <strong>de</strong> suas<br />

unida<strong>de</strong>s, que se conservaram fiéis aos seus <strong>de</strong>veres, cumprindo sem vacilações<br />

todas as or<strong>de</strong>ns relativas à prisão e escolta dos sargentos culpados; mesmo um<br />

<strong>de</strong>stes, que tentou, sublevar a guarda que comandava, foi nisso obstado pelo cabo da<br />

mesma. 85<br />

83<br />

84<br />

85<br />

BENTO, Cláudio Moreira. As revoltas pró república parlamentar, ou Revoltas <strong>de</strong> Sargentos; Disponível<br />

em: http://www.ahimtb.org.br/; Acesso em: 13 Out 2010.<br />

I<strong>de</strong>m.<br />

EXÉRCITO BRASILEIRO. Imprensa Militar. Relatório do Ministro da Guerra, José Caetano <strong>de</strong> Farias, ao<br />

Presi<strong>de</strong>nte da República, relativo ao ano <strong>de</strong> 1915, pp.16-17; Disponível em:<br />

http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/u2252/000022.html; Acesso em: 15 Ago 2011.

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