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pertencimento da turma, pois não fechava um ciclo <strong>de</strong> estudos formativos com a entrega do<br />

objeto <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo pela qual eram motivados. A espera, <strong>de</strong> quase seis meses, pela entrega<br />

<strong>de</strong>scentralizada das divisas; a própria formação <strong>de</strong>scentralizada dos sargentos, em inúmeros<br />

quartéis, po<strong>de</strong>ria resultar no esfriamento <strong>de</strong> sentimentos <strong>de</strong> grupo que porventura surgissem<br />

nos meses <strong>de</strong> curso. Pelo menos as promoções passaram a ser garantidas <strong>de</strong>pois do curso,<br />

diferente <strong>de</strong> como acontecia uma década antes, conforme <strong>de</strong>monstrado na experiência do<br />

<strong>de</strong>poente Abdon Luz (LUZ, 2011), em que o término do curso <strong>de</strong> sargento significava apenas<br />

uma habilitação à promoção, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> vagas na unida<strong>de</strong> em que servia.<br />

A fala <strong>de</strong> Adão Valter Barriles, assim como a <strong>de</strong> Abdon Luz, parece indicar que havia<br />

uma distinção positiva daqueles que realizavam o curso <strong>de</strong> sargentos nas escolas, em Três<br />

Corações e no Rio <strong>de</strong> Janeiro, em relação àqueles que o realizavam na tropa. Particularmente<br />

em relação àqueles sargentos combatentes, o curso na escola <strong>de</strong> Três Corações parecia<br />

representar uma garantia da boa formação militar dos sargentos. Barriles, contando como<br />

dividia as instruções na época em que era comandante <strong>de</strong> pelotão, já como 2º sargento,<br />

próximo à promoção a 1º sargento, frisa que em seu pelotão havia três sargentos “da ESA,<br />

vindo da ESA” e que acompanhava algumas <strong>de</strong> suas instruções. Mas, segundo ele, não<br />

precisavam <strong>de</strong> acompanhamento, pois “era sargento da ESA, tudo bem formado, né.”<br />

(BARRILES, 2011).<br />

Para o antigo sargento cavaleiro, nos quartéis em que passou não sentiu o peso da<br />

diferença entre os círculos. Segundo ele,<br />

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era uma amiza<strong>de</strong>. A única diferença era reunião <strong>de</strong> oficial quando era reunião <strong>de</strong><br />

oficial, quando era reunião <strong>de</strong> sargento, <strong>de</strong> sargento. Ou era reunião <strong>de</strong> sargento e<br />

dos oficiais. E cassino, cassino <strong>de</strong> um, cassino <strong>de</strong> outro, né. Mas o resto se convivia<br />

muito bem <strong>de</strong>ntro do Regimento. (BARRILES, 2011)<br />

“Sempre com hierarquia e com disciplina, mas sem perseguição”. Barriles volta a<br />

trazer à cena o mesmo termo usado por Abdon, pois ele afirma ter sido o relacionamento em<br />

Santa Rosa semelhante a uma “família”. Mas os membros <strong>de</strong> uma família têm lá suas<br />

diferenças, pois “às vezes acontecia, né, <strong>de</strong> um oficial se indispor com um sargento, com um<br />

cabo e querer perseguir, mas aí era só levar adiante e, por baixo dos panos, resolvido o<br />

problema” (BARRILES, 2011). Barriles não escon<strong>de</strong> que houvesse indisposições <strong>de</strong> oficiais<br />

com sargentos e cabos que ultrapassavam as relações puramente profissionais, po<strong>de</strong>ndo<br />

<strong>de</strong>saguar em um tipo ou outro <strong>de</strong> perseguições pessoais. Mas reproduz o discurso oficial do

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