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dispersasse –, dispararia certa vez que “uma praça analfabeta com uma 'memória virgem'<br />

aprendia e recordava suas obrigações mais facilmente do que outro com alguma educação”<br />

(MCCANN, 2009, pp. 297-298).<br />

Mais <strong>de</strong> meio século <strong>de</strong>pois, num <strong>de</strong>poimento prestado em 1981, a respeito da<br />

educação formal das praças, o general Antônio Carlos Muricy acreditava que:<br />

255<br />

Um aluno <strong>de</strong> ginasial já exerce praticamente todas as funções que po<strong>de</strong>m ser<br />

exercidas por um soldado ou mesmo por um sargento. Não precisa mais do que um<br />

grau... nem é colegial, é ginasial. (…) Na minha opinião, para aten<strong>de</strong>r à gran<strong>de</strong><br />

maioria das funções militares, o conhecimento ginasial - nem colegial - é suficiente.<br />

Porque mesmo os aparelhos mais sofisticados, que são os radares, vão ser usados,<br />

mas não vão ser consertados. Às vezes até um homem <strong>de</strong> poucas luzes, mas hábil, é<br />

melhor. 351<br />

Na geração <strong>de</strong> A<strong>de</strong>ir Moreira, esse estado <strong>de</strong> espírito parece ter permanecido, pelo<br />

menos em parte, entre a oficialida<strong>de</strong>. Em relação aos sargentos que tinham pretensões <strong>de</strong><br />

seguir seus estudos, o <strong>de</strong>poente afirma que<br />

Uma pressãozinha sempre houve, né, para não... para que a pessoa...Eu creio que<br />

isso dificultou muita gente. Isso eu não posso negar que houve, apesar <strong>de</strong> eu não ter<br />

feito, mas muitos reclamavam disto aí (MOREIRA, 2011).<br />

Além da “pressãozinha” por parte dos oficiais, A<strong>de</strong>ir credita como embaraço à<br />

<strong>de</strong>dicação aos estudos a maneira braçal pela qual se <strong>de</strong>senvolvia a rotina dos quartéis.<br />

Segundo ele, utilizando-se do exemplo da ativida<strong>de</strong> burocrática, “era tudo na maquininha...”<br />

(MOREIRA, 2011). O emprego <strong>de</strong> baixa tecnologia, além <strong>de</strong> não exigir saberes complexos –<br />

como afirma o general Muricy, linhas acima –, <strong>de</strong>sestimulava sua busca, por causa do baixo<br />

rendimento da mão <strong>de</strong> obra dos sargentos, ocasionando, não raro, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

permanência nos trabalhos após o expediente normal.<br />

Não somente a pesada rotina dos quartéis, como também o efetivo reduzido e a<br />

pressão do grupo dos oficiais dificultavam a vida dos sargentos. O espírito coletivista – ainda<br />

que, na maioria das vezes, muito mais discursivo do que prático – <strong>de</strong> suposta igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>veres e direitos dos sujeitos envolvidos, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um mesmo subgrupo hierárquico,<br />

também cumpria um papel importante em tolher indivíduos, em seus objetivos extramuros.<br />

Os próprios membros mais antigos do grupo dos sargentos exerciam consi<strong>de</strong>rável pressão<br />

351 MURICY, Antônio Carlos da Silva. Antônio Carlos Murici I (<strong>de</strong>poimento, 1981). Rio <strong>de</strong> Janeiro, CPDOC,<br />

1993. 768 p. Dat., p. 679. Disponível em: http://www.fgv.br/cpdoc/historal/arq/Entrevista35.pdf; Acesso em:<br />

15 Dez 2011.

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