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anônimas – o resultado do seu trabalho <strong>de</strong> sargento e a sua participação na complexa re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

inter<strong>de</strong>pendências entre os grupos hierárquicos, em três níveis crescentes <strong>de</strong> organização.<br />

Como adjunto <strong>de</strong> pelotão, <strong>de</strong>ve ter-se sentido uma importante peça no tabuleiro <strong>de</strong><br />

xadrez <strong>de</strong> um pelotão operacional. Segundo o <strong>de</strong>poente, “No Pelopes, eu trabalhava <strong>de</strong><br />

adjunto; então eu ficava muito com o comandante” (OLIVEIRA, 2011).<br />

Importante ressaltar que, ao se lembrar <strong>de</strong> sua época <strong>de</strong> adjunto do Pelopes,<br />

consi<strong>de</strong>ra os outros sargentos <strong>de</strong> seu pelotão como seus “três auxiliares” (MOREIRA, 2011).<br />

Mostra um discurso que indica que havia diferenças entre militares ditos <strong>de</strong> carreira e<br />

militares ditos temporários; sempre com consi<strong>de</strong>rações ou expectativas negativas em relação<br />

aos temporários, e positivas quanto aos sargentos <strong>de</strong> carreira.<br />

Num <strong>de</strong>grau organizacional acima, <strong>de</strong>sempenhando o encargo <strong>de</strong> sargenteante,<br />

parece ter-se entendido como um ator coprotagonista no tabuleiro <strong>de</strong> xadrez <strong>de</strong> uma<br />

companhia. Subindo mais um <strong>de</strong>grau – aliás, o último num quartel <strong>de</strong> nível batalhão – ao<br />

<strong>de</strong>sempenhar a função <strong>de</strong> brigada, articulou-se a um quadro, ainda maior e mais complexo, <strong>de</strong><br />

relações funcionais e pessoais, também como coprotagonista. A proximida<strong>de</strong> com o po<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong>cisório e hierárquico dos oficiais e o tamanho das suas responsabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação<br />

faziam com que A<strong>de</strong>ir se sentisse mesmo um protagonista. Ele mesmo narra que quando<br />

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eu <strong>de</strong> brigada ali, os comandante, o subcomandante muitas vezes ficavam<br />

preocupados se ia chegar alguém mais antigo do que eu porque não queria me tirar<br />

da função. E muitas vezes eu queria sair da função aí chegava um outro<br />

subcomandante e dizia: 'Não! Você vai ficar aí... Porque o Brigada ele liga com o<br />

S/1, ele liga com o subcomandante e com o comandante. E você faz...você mantém<br />

contato com esses três, é ou não é. A gente pensa que você fica só ali, não. Às vezes<br />

o S/1 não, você aten<strong>de</strong> o subcomandante e o comandante! Pra alguns assuntos que<br />

às vezes é mais específico, eles não têm condições <strong>de</strong> saber muitas coisas que estão<br />

acontecendo que vêm direto pra nossa mão! Então vai ter que aten<strong>de</strong>r ele. Muitas<br />

vezes a gente vai lá no PC do comandante tirando alguma dúvida junto com o S/1<br />

porque você é que está por <strong>de</strong>ntro do documento, né. (…) Eu creio que durante meu<br />

tempo <strong>de</strong> 6 anos ali, eu passei por 8 S/1, acho que uns 4 subcomandante e uns 4<br />

comandantes, né. Ali durante esses seis anos. Então foi essa a função que<br />

praticamente mais me marcou (MOREIRA, 2011).<br />

Na época em que esteve na tropa, afirma ter tido um bom vigor físico, usando-o<br />

como um elemento <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança, impondo <strong>de</strong>terminados exercícios aos seus recrutas. Segundo<br />

ele, tinha consciência <strong>de</strong> que não podia ultrapassar os limites estabelecidos<br />

regulamentarmente. Contudo, parece ter sido muito comum, na sua época, a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong><br />

autorida<strong>de</strong> através da imposição <strong>de</strong> exercícios físicos, acompanhados <strong>de</strong> coação moral.

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