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praças, com o mínimo <strong>de</strong> dispêndio das energias da instituição e dos seus instrutores. Desse<br />
modo, buscavam recrutar, como futuros instruendos das escolas regimentais (normalmente as<br />
praças incorporadas no ano corrente), aqueles consi<strong>de</strong>rados mais aptos a darem bons<br />
resultados <strong>de</strong> aprendizado, visando não somente obter uma melhor mão <strong>de</strong> obra para os<br />
serviços internos das unida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> serviam, mas também uma potencial e duradoura<br />
propagação, na socieda<strong>de</strong>, dos resultados socioeducacionais e humanitários empreendidos<br />
pelo Exército. Tudo isso com o máximo <strong>de</strong> economia para a instituição.<br />
Talvez a intenção fosse propagandística em relação à capacida<strong>de</strong> civilizatória do<br />
Exército, numa época em que o positivismo predominava na figura <strong>de</strong> seu ministro, Benjamin<br />
Constant. 43<br />
Os cursos funcionariam <strong>de</strong>ntro do corpo <strong>de</strong> tropa, sendo ministrados por professor,<br />
que seria “official subalterno [tenentes] <strong>de</strong> reconhecida aptidão para o magisterio, e um ou<br />
mais adjuntos, inferiores 44 ou ca<strong>de</strong>tes com as precisas habilitações” normalmente nos horários<br />
<strong>de</strong> folga, geralmente à noite e aos sábados à tar<strong>de</strong> – já que aos sábados pela manhã havia<br />
expediente 45 .<br />
O jovem tenente Antônio Carlos Muricy conta que “junto com alguns sargentos,<br />
47<br />
43<br />
44<br />
45<br />
O positivismo social do Ministro Benjamin Constant aparece na eloquente exposição <strong>de</strong> motivos do <strong>de</strong>creto.<br />
Dentre outras coisas, o documento consi<strong>de</strong>rava: que era necessário melhorar o ensino militar, “<strong>de</strong> modo a<br />
atten<strong>de</strong>r aos gran<strong>de</strong>s melhoramentos da arte da guerra, conciliando as suas exigencias com a missão<br />
altamente civilisadora, eminentemente moral e humanitaria que <strong>de</strong> futuro está <strong>de</strong>stinada aos exercitos no<br />
continente sul-americano (...); o soldado, elemento <strong>de</strong> força, <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> hoje em <strong>de</strong>ante o cidadão armado,<br />
corporificação da honra nacional e importante cooperador do progresso como garantia da or<strong>de</strong>m e da paz<br />
publicas, apoio intelligente e bem intencionado das instituições republicanas (…); para perfeita<br />
comprehensão <strong>de</strong>ste elevado <strong>de</strong>stino no seio da socieda<strong>de</strong>, como o mais solido apoio do bem, da moralida<strong>de</strong><br />
e da felicida<strong>de</strong> da Patria, o militar precisa <strong>de</strong> uma succulenta e bem dirigida educação scientifica, que,<br />
preparando-o para com proveito tirar toda a vantagem e utilida<strong>de</strong> dos estudos especiaes <strong>de</strong> sua profissão, o<br />
habilite, pela formação do coração, pelo legitimo <strong>de</strong>senvolvimento dos sentimentos affectivos, pela racional<br />
expansão <strong>de</strong> sua intelligencia, a bem conhecer os seus <strong>de</strong>veres, não só militares como, principalmente,<br />
sociaes (…); isso só pó<strong>de</strong> ser obtido por meio <strong>de</strong> um ensino integral on<strong>de</strong> sejam respeitadas as relações <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ncia das differentes sciencias geraes, <strong>de</strong> modo que o estudo possa ser feito <strong>de</strong> accordo com as leis<br />
que tem seguido o espirito humano em seu <strong>de</strong>senvolvimento, começando na mathematica e terminando na<br />
sociologia e moral como ponto <strong>de</strong> convergencia <strong>de</strong> todas as verda<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> todos os principios até então<br />
adquiridos e fóco unico <strong>de</strong> luz capaz <strong>de</strong> allumiar e esclarecer o <strong>de</strong>stino racional <strong>de</strong> todas as concepções<br />
humanas”. I<strong>de</strong>m.<br />
Também o termo inferior era aplicado aos sargentos. Até o final do século XIX os sargentos, que eram praças<br />
<strong>de</strong> pré, eram também chamados <strong>de</strong> “oficiais inferiores”, e compunham os “Estados Menores” das unida<strong>de</strong>s.<br />
Relatório do Ministro da Guerra, José Antônio Correia da Câmara, relativo ao ano <strong>de</strong> 1879, apresentado à<br />
Assembleia Geral Legislativa na 3ª Sessão da 17ª Legislatura, p. 57. Disponível em:<br />
http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/u2221/000057.html; Acesso em 15 Abr 2011.<br />
Havia a previsão <strong>de</strong> que “… para as aulas se marcarão horas apropriadas, atten<strong>de</strong>ndo-se não só á<br />
conveniência do ensino, como também á do serviço”. Decreto nº 330, <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1890, Art 13.<br />
Disponível em: http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.actionid=151796; Acesso em: 16 Jul<br />
2010.