09.01.2015 Views

Download tese - Setor de Ciências Humanas UFPR - Universidade ...

Download tese - Setor de Ciências Humanas UFPR - Universidade ...

Download tese - Setor de Ciências Humanas UFPR - Universidade ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

tudo na minha mão (MOREIRA, 2011).<br />

257<br />

Nada garantia, porém, que os médicos não pu<strong>de</strong>ssem ser coagidos pelos seus<br />

próprios comandantes a fornecerem laudos ten<strong>de</strong>nciosos, à sua <strong>de</strong>cisão, po<strong>de</strong>ndo negar a<br />

condição real <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> do indivíduo. Diante da naturalizada autocracia com que se encarava o<br />

ato <strong>de</strong> comandar, em alguns casos, os limites impostos podiam ser reduzidos a possíveis<br />

coações <strong>de</strong>sses comandantes, em relação aos seus subordinados médicos, a maioria<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do aval <strong>de</strong> seus comandantes, para renovarem seus contratos no Exército.<br />

De qualquer maneira, não são mais somente nesses casos que os subordinados<br />

passaram a compor representações no Judiciário, mas em quaisquer atos ou fatos<br />

administrativos <strong>de</strong>ntro dos quais os militares possam se achar injustiçados.<br />

A cúpula do Exército, por sua parte, parece ter-se movido no sentido <strong>de</strong> centralizar o<br />

po<strong>de</strong>r punitivo nas mãos dos comandantes <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> mais experientes e a tornar esse po<strong>de</strong>r<br />

punitivo cada vez mais objetivado, limitado por <strong>de</strong>terminações regulamentares. Tentou-se,<br />

talvez, minimizar os excessos, para minimizar também as <strong>de</strong>mandas judiciais por atos <strong>de</strong><br />

abuso <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r.<br />

O <strong>de</strong>poente confirma que “na época passada, se excluía bastante pessoas...porque na<br />

época era tudo mais rigoroso” (MOREIRA, 2011). Capitães comandantes <strong>de</strong> companhia<br />

podiam imputar a pena <strong>de</strong> prisão a qualquer um <strong>de</strong> seus subordinados; atualmente “o<br />

comandante <strong>de</strong> companhia não po<strong>de</strong> dar mais prisão” (MOREIRA, 2011). A centralização<br />

<strong>de</strong>ssa autorida<strong>de</strong> punitiva, conclui A<strong>de</strong>ir, fez com que se diminuíssem as exclusões, tendo em<br />

vista que, segundo ele, a figura do comandante da unida<strong>de</strong> seria “um pouquinho mais<br />

maleável” (MOREIRA, 2011). Subindo a ca<strong>de</strong>ia hierárquica <strong>de</strong> um batalhão, até que a<br />

solicitação <strong>de</strong> uma punição a um praça chegasse ao conhecimento do comandante da unida<strong>de</strong>,<br />

o ímpeto punitivo acabaria per<strong>de</strong>ndo seu fulgor durante a trajetória e seria substituído por<br />

critérios mais objetivos <strong>de</strong> avaliação.<br />

Além disso, passou a existir, no início dos anos <strong>de</strong> 2000, o direito à ampla <strong>de</strong>fesa,<br />

que passou a garantir ao acusado três dias para se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r formalmente. A adoção <strong>de</strong>ssas<br />

formalida<strong>de</strong>s – e a abertura à potencialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua utilização, numa futura <strong>de</strong>manda judicial<br />

–, e um tempo maior <strong>de</strong> resguardo entre a transgressão e a ação punitiva, acabaram impondo,<br />

aos poucos, o surgimento <strong>de</strong> uma relativa coibição <strong>de</strong> rompantes punitivos, protagonizados<br />

pelas subjetivida<strong>de</strong>s muitas vezes imaturas dos <strong>de</strong>tentores do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> punir.<br />

Nesse aspecto em especial, o “hoje”, para A<strong>de</strong>ir Moreira, é <strong>de</strong>limitado como um

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!