09.01.2015 Views

Download tese - Setor de Ciências Humanas UFPR - Universidade ...

Download tese - Setor de Ciências Humanas UFPR - Universidade ...

Download tese - Setor de Ciências Humanas UFPR - Universidade ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

consi<strong>de</strong>rados in<strong>de</strong>sejavelmente politizados à esquerda, principalmente os sargentos. A<br />

liberda<strong>de</strong> anterior, encontrada em alguns quartéis do Exército, em se discutir assuntos<br />

políticos, transformou-se em rígida proibição, inclusive dos assuntos amplamente divulgados<br />

pela mídia escrita e falada.<br />

A esse respeito, Oliveira e um amigo, também sargento, chegaram a ser interpelados<br />

por um major, em uma ocasião em que comentaram acerca <strong>de</strong> uma matéria publicada em uma<br />

revista semanal, em circulação na época. Oliveira afirma que se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ra:<br />

230<br />

Pera aí, major! Então não tá escrito na Veja! Qualquer vagabundo olha aquilo lá na<br />

banquinha! Compra a Veja, fica sabendo. E nós aqui não po<strong>de</strong>mos saber!<br />

(OLIVEIRA, 2011).<br />

O <strong>de</strong>sejo daquele oficial parece ter sido manter o apartamento <strong>de</strong> seus sargentos em<br />

relação à socieda<strong>de</strong> civil. Concluiu Oliveira que, assim como em todo o resto do país, aquele<br />

oficial tentava manter nos quartéis “o pessoal alheio à situação geral. Escondiam as coisas da<br />

gente lá <strong>de</strong>ntro”, (OLIVEIRA, 2011).<br />

Pareceu ter sido infrutífero todo aquele esforço empreendido, pois “a gente ficava<br />

sabendo por rádio, ouvia muito rádio. Lia revistas, né. Aí cê ficava por <strong>de</strong>ntro daquilo ali”<br />

(OLIVEIRA, 2011).<br />

Impotente diante do argumento <strong>de</strong> que, fora dos muros do quartel, o acesso àquelas<br />

informações era livre, disponível em bancas <strong>de</strong> jornal, o comando do batalhão buscou pelo<br />

menos acentuar o controle e a observação das informações às quais os sargentos tinham<br />

acesso, disponibilizando aquela mesma revista para a leitura, na sala <strong>de</strong> recreação e refeitório<br />

dos sargentos: “Aí ele mandou assinar a Veja pra nós...pro cassino dos sargentos!”<br />

(OLIVEIRA, 2011).<br />

Antes que o grupo fosse influenciado pelas informações contidas na revista, o<br />

comando do batalhão teria tempo hábil para produzir um antídoto e refutá-las, em<br />

pronunciamentos direcionados à coletivida<strong>de</strong>, nas formaturas matinais ou nas reuniões <strong>de</strong><br />

oficiais e sargentos.<br />

Prosseguindo nas questões <strong>de</strong> socialização dos sargentos no ambiente propriamente<br />

militar, é notório o fato <strong>de</strong> que os atos simbólicos <strong>de</strong> reconhecimento das capacida<strong>de</strong>s<br />

profissionais, mas atreladas ao universo político, tenham sido sensivelmente restringidos no<br />

pós-1964, quando comparados aos anos anteriores. A Medalha do Pacificador, criada em

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!