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dias, por terem <strong>de</strong>scumprido uma suposta or<strong>de</strong>m do comandante <strong>de</strong> abandonar o local, mesmo<br />

sem <strong>de</strong>la terem tido conhecimento oportuno.<br />

Um cabo que era auxiliar da seção <strong>de</strong> operações fora punido por <strong>de</strong>ixar um material<br />

da seção em um local que não <strong>de</strong>veria, o que facilitou com que o “soldado comandante” o<br />

jogasse ao fogo, em um <strong>de</strong> seus acessos <strong>de</strong> fúria.<br />

Além do próprio soldado, inúmeras outras praças foram presas ou <strong>de</strong>tidas. O próprio<br />

<strong>de</strong>poente só não fora punido porque havia saído para distribuir o almoço pelas áreas <strong>de</strong><br />

instrução, e não fora lembrado, no inquérito, <strong>de</strong> nenhum fato que lhe imputasse algum tipo <strong>de</strong><br />

responsabilida<strong>de</strong> ativa ou omissiva.<br />

Depois <strong>de</strong>ssas várias punições, os atos <strong>de</strong> disciplinamento, por parte dos oficiais se<br />

enrijeceram, e as ações punitivas foram vulgarizadas: “Então, a tropa... nós começamos a<br />

achar que para ser punido bastava um mínimo erro” (Entrevista nº 6).<br />

O próprio <strong>de</strong>poente tentava compreen<strong>de</strong>r essa alteração relacional, à época, e com a<br />

ajuda <strong>de</strong> alguns colegas mais experientes chegou a uma conclusão.<br />

327<br />

Então eu imagino que no término <strong>de</strong>sse evento os oficiais tenham ficado um pouco<br />

com o moral um pouco baixo. E talvez foi uma forma <strong>de</strong> mostrar po<strong>de</strong>r. Eu imagino<br />

que tenha sido em torno disso. Eu ouvi vários companheiros mais antigos<br />

comentando que seria isso e concor<strong>de</strong>i. E realmente começou a ser vários sargentos<br />

punidos. Isso aí refletiu na tropa porque ficou realmente um ambiente obscuro<br />

(Entrevista nº 6).<br />

Prossigamos no entendimento eliasiano, do qual os oficiais possam ser entendidos<br />

como “estabelecidos”, e as praças, <strong>de</strong> uma maneira geral, possam ser consi<strong>de</strong>radas<br />

“outsi<strong>de</strong>rs” da figuração Exército. No caso prático do fato, sabemos que o comando geral da<br />

unida<strong>de</strong> estava nas mãos <strong>de</strong> um indivíduo quase pertencente ao topo da ca<strong>de</strong>ia hierárquica dos<br />

estabelecidos (o topo é a linha do generalato). Com a simbólica abdução <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, <strong>de</strong> toda<br />

uma área <strong>de</strong> acampamento, por um soldado, é lícito dizer que <strong>de</strong>vem ter sentido a sua<br />

autorida<strong>de</strong> bastante machucada todos os que estavam acima <strong>de</strong>le. Aqui, <strong>de</strong>vem ser incluídos<br />

os cabos e os sargentos, mas, com muito mais certeza, os oficiais, particularmente, o próprio<br />

comandante da unida<strong>de</strong>, teoricamente, o responsável por tudo o que acontece em sua unida<strong>de</strong>.<br />

A gravida<strong>de</strong> do fato fora gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>mais para que ele pu<strong>de</strong>sse ser abafado no próprio<br />

nível da unida<strong>de</strong>, e o assunto espalhar-se-ia fora <strong>de</strong> seus muros. A abertura do inquérito e os<br />

seus procedimentos formais indicam que o caso fora dado a conhecer ao escalão<br />

imediatamente superior ao comandante da unida<strong>de</strong>. A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comando daquele

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